Um sinal, alegadamente colocado pela Autarquia, na Rua (pedonal) Dr.º José Cerveira Lebre, na cidade da Mealhada, que apenas permite a passagem de viaturas a moradores e à recolha de lixo levou alguns comerciantes a lamentarem a situação na última Assembleia Municipal. Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, ficou de analisar o procedimento junto dos serviços municipais.

«Foi-me indicado que não posso efetuar cargas e descargas em frente à minha loja. Eu trabalho ali, sozinha, tenho problemas de saúde e às vezes tenho que carregar móveis. Como é que eu faço a partir de agora?», começou por lamentar Crisália Dulcineia Santos, garantindo não ver «lógica nenhuma na situação» e nem ter sido «notificada de que isto ia acontecer». «Está aqui uma senhora que está a reconstruir uma casa e já foi multada por estar a descarregar material de uma viatura ligeira», acrescentou ainda.

Rui Marqueiro afirmou não ser «proibido fazer cargas e descargas na Rua Cerveira Lebre», relembrando, contudo, existir, desde o princípio, «um horário estabelecido, salvo erro das 9h00 às 11h00». «O que se fez naquela rua foi um espaço pluralizado como se fez em praticamente todas as cidades do país. Não podemos é permitir que camiões de carga pesada destruam o material, caro, naquela via», retorquiu o autarca, acrescentando que «o desrespeito é tanto que as cargas e descargas são feitas a qualquer hora».

Já sobre o episódio de multa relatado, o presidente da Câmara da Mealhada quis saber se a proprietária da viatura estava a fazer a descarga dentro do horário permitido, recordando que «as multas também são impugnáveis».

Paulo Júlio Costa, proprietário de um estabelecimento na área da restauração, informou que «a placa com o horário das cargas e descargas foi retirado, tendo sido substituído por outro que apenas permite passagem a moradores e à recolha do lixo». «Isso só pode lá estar com alguma ironia até porque ali não há caixotes do lixo desde que a rua se tornou pedonal. O carro do lixo é um veículo pesado pode passar porquê?», disse o comerciante, explicando ir às compras para o seu estabelecimento, duas vezes por semana, alturas em que têm descargas para fazer. «Estamos a falar de um tema que precisa de alguma sensibilidade porque se trata de comércio local», referiu.

Também Cláudia Cardeira, autuada por estar a fazer uma descarga de material junto de uma propriedade em fase de obras, garantiu ter sido feito em horário permitido para cargas e descargas.

O presidente da autarquia pediu para lhe fazer chegar a multa, assim como admitiu «existir um erro dos serviços, uma vez que o carro do lixo não tem autorização para passar». «Vou verificar toda esta situação», rematou.

 

 

Mónica Sofia Lopes