O orçamento da Mealhada, no valor de vinte e um milhões e trezentos mil euros, para o ano de 2020, foi aprovado, por maioria, na Assembleia Municipal, que se realizou na noite do passado dia 30 de dezembro. Se para o PCP, a reunião ao abrigo do estatuto do Direito de Oposição não surtiu efeito, uma vez que “não foram aproveitadas as contribuições feitas pelo partido”; para a coligação do “Juntos pelo Concelho da Mealhada” houve o lamento do documento estar em grande parte munido de obras e projetos com previsão de conclusão só para 2021. Já o Bloco de Esquerda, defendeu que o orçamento “representa a falta de ação do executivo socialista”.

“Há um sentimento de estagnação por todo o concelho”, começou por dizer, João Louceiro, eleito pelo PCP, lamentando “a acumulação de empreendimentos que a Câmara tem vindo a adquirir” e o facto “das necessidades das populações estarem reféns de programas de fundos comunitários”.

O deputado municipal enumerou ainda as contribuições feitas pelo partido, na reunião ao abrigo do estatuto do Direito de Oposição, estando, entre outras, a clarificação do destino a dar a edifícios adquiridos; conservação da Escola Básica 2,3 da Mealhada; a procura ativa de soluções para transportes públicos a sul do concelho (Barcouço); a construção de passeios na Rua do Grupo Desportivo da Mealhada; lançamento de uma secção de Bombeiros em Barcouço, em coordenação com os da Pampilhosa; e uma verdadeira dinamização cultural no concelho.

Mas para Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, a declaração de João Louceiro mais parecia “um programa para as próximas eleições autárquicas”, relembrando que, nos últimos anos, a grande maioria das obras realizadas no concelho contaram com apoios comunitários. “A Europa dá-nos a oportunidade de pagar, por exemplo, apenas quinze por cento de uma obra. Aproveitar isto parece-me um ato de inteligência”, retorquiu o edil.

Os documentos também não agradaram à coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, alegando o deputado municipal Luís Brandão que “o próximo ano é dedicado a pareceres e projetos” e que “as obras só se concluem em 2021”, exemplificando com “o Centro Oficial de Recolha Animal, o parque de estacionamento no Luso e a requalificação urbana da Pampilhosa”.

Em resposta, Rui Marqueiro garantiu que “neste momento, há vários concursos que irão ser lançados no primeiro trimestre”, defendendo que “as obras têm que ser bem preparadas” e munidas de todos os recursos “para serem bem acompanhadas”. “Não   tenho dúvidas nenhumas que iniciaremos obras em 2020 e concluiremos outras, como é o caso do Mercado da Pampilhosa”, enfatizou.

Também para Gonçalo Lopes, do Bloco de Esquerda, “o orçamento representa a falta de ação do executivo”, com enfoque “para o património imobiliário abandonado”.

Os documentos previsionais para o ano de 2020 foram aprovados, por maioria, com sete votos contra da coligação e do BE, uma abstenção do PCP e 15 votos favoráveis.

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia de José Moura