Ao fim de setenta e cinco anos, a Mata do Bussaco – toda a sua envolvente e património – passaram de Imóvel de Interesse Público a Monumento Nacional. Uma reclassificação, aprovada em dezembro passado, e que tornou ainda mais forte a candidatura do Bussaco a Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Um processo “moroso” e que teve início há precisamente um ano. Com os Trilhos dos Famosos e das Árvores Notáveis em implementação a certeza é só uma: o Bussaco aumentou o número de visitações, tendo “sofrido” em 2017 um aumento de vinte e cinco por cento. E apesar do projeto comunitário BRIGHT (“Bussaco´s Recovery of Invasions Generating Habitat Threats”) já ter terminado, António Gravato, presidente da Fundação, garante que “as atividades continuam”, aguardando agora a aprovação de um projeto similar intitulado ACACIAS (“Active and Coordinated Assessment and Control of Invasive Allien Species”).26685230_10209575711053009_2323896564625618634_o

“O Bussaco tem que ser obrigatoriamente um destino de eleição e de qualidade”. Quem o garante é o presidente da Fundação, dois meses depois de ver a Mata, sua envolvente e património serem reclassificados de Monumento Nacional. Agora, o patamar sobe de divisão com a corrida a Património Mundial da UNESCO. “É um processo complexo que tem obrigado a um esforço da Fundação e de todos os ‘stakeholders’” e que envolve um conjunto de iniciativas com o propósito de uma integração na lista indicativa.

E, para já, António Gravato enaltece o facto de a entidade que preside ter sido “a primeira a ser recebida pelo atual Embaixador da Comissão Nacional da UNESCO, dr.º Moraes Cabral”, prometendo continuar “em conjunto com o Município da Mealhada e da Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, a envolver mais instituições criando um ‘networking’ e uma estrutura de parceria forte e coesa que permita alcançar a tão almejada classificação”.

Mas mesmo sem estas classificações – uma vez que a mais recente tem vigência de poucos meses – o crescimento de visitação à Mata do Bussaco não pára, com o ano de 2017 a subir vinte e cinco por cento em relação ao ano anterior. O “lugar místico e tão injustamente esquecido”, como define António Gravato, tem tido “o empenho de todos os parceiros”, de forma a que, “para além do aumento de visitantes”, estes beneficiem de um “melhor acolhimento e o turista não se sinta defraudado e se fidelize, voltando assim a procurar este destino”.26221032_10209554879092223_1510222284175148797_o

Muitas têm sido as atividades da Fundação, ao longo dos dez anos de existência, algumas já enraizadas: Trilhos, “Sement Event”, Catrapim, plantações por diversas personalidades e entidades,… Em fase embrionária estão os Trilhos dos Famosos e das Árvores Notáveis – este último aguarda validação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas -, que pretendem “promover a contínua qualificação dos destinos, através da regeneração, requalificação e reabilitação dos espaços públicos de interesse para o turismo e da valorização do património cultural e natural do Bussaco”.

Ao mesmo tempo que a atividade envolta da Mata vai crescendo, o financiamento comunitário LIFE, que até então tinha em vigência o BRIGHT está num período de transição. “Continuamos a realizar iniciativas, e até a intensificá-las, no pressuposto que a semente foi lançada e os eventos continuam”, explica António Gravato, garantindo, contudo, estarem a aguardar o projeto sucessor: ACACIAS.

“Caso seja aprovado vai dar continuidade ao projeto, de forma mais intensa, envolvendo os parceiros e as instituições público e privadas, cordenadas pela Fundação, desde as Câmaras da Mealhada, Penacova e Mortágua, passando pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) até o Grupo Altri”, acrescenta.

Tudo isto criou uma espécie de movimento municipal, regional e nacional que contribui para que “os olhos estejam todos postos” na Mata do Bussaco. “É inequívoco que sentimos uma cada vez maior adesão aos projetos que temos vindo a desenvolver num quadro de partilha e de cumplicidade”, afirma ainda António Gravato, que garante que “o objetivo é nobre e exemplar, diria mesmo indiscutível: o Bussaco tem que ser obrigatoriamente um destino de eleição e de qualidade”.

“Estamos conscientes de que estamos a desenvolver um trabalho com honestidade e com a competência necessária, convidando outras entidades a partilharem connosco este percurso de uma perspectiva de crescimento inteligente”, conclui, deixando o convite para que “outros parceiros se juntem…”.

Do Palace às Capelas, passando pelas Ermidas e utilizando os Trilhos, é o Convento de Santa Cruz, um dos espaços mais procurados na Mata do Bussaco. Um local que será alvo de uma obra de recuperação – que em conjunto com a intervenção nas Capelas dos Passos e da Via-Sacra está orçada em um milhão de euros – e que estará encerrada durante meses. A consignação ao empreiteiro, e segundo Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, será feita “dentro de vinte, trinta dias”.

 

Reportagem de Mónica Sofia Lopes

Fotografias de José Moura