Imaginem o seguinte quadro: um dia, andava uma empregada de limpeza italiana na vida dela, a limpar com muito afinco uma das salas de uma famosa Galeria de Arte Contemporânea.
Na minha cabeça ela andava a assobiar baixinho o “Lasciatemi cantare” porque estava numa galeria de arte e provavelmente ficava mal estar a cantar alto. Não estou a estereotipar, simplesmente é o que eu costumo fazer enquanto passo a vileda no chão: assobiar músicas italianas até parece que o sujo sai melhor.
E isto aconteceu mesmo, de verdade, garantidamente. É verídico!
De repente, ela entra numa das salas de exposições, olha à volta, vê um monte de lixo, e pensa:
“Olha, que grande party houve aqui ontem à noite! Garrafas de espumoso no chão, confettis em todo o lado… cazzo! Valha-me Santo Cutugno!” E lá foi tudo para o lixo. Lixo no valor de quinze mil dólares. Tratava-se de uma instalação de Arte Moderna e o prejuízo foi grande.
Ora vamos lá ver uma coisa. É bem feito! É o que dá a mania das limpezas! Agora imaginem a cara do “artista” quando lhe disseram o que aconteceu… Ele deve ter ficado mais triste com a senhora da limpeza do que com uma crítica negativa numa revista especializada. O senhor artista deve ter pensado “mas como é possível que tenham visto lixo onde eu vejo arte?”. O meu conselho para este artista é que vá ao oculista. Hoje em dia até dão desconto igual à idade e este senhor parece estar senil, coitado. Pelo menos paga pouco no oculista.
Moral da história: quando o vosso cafofo estiver cheio de lixo e tiverem visitas, escusam de limpar. Basta dizer que a casa está cheia de arte conceptual.
Catarina Matos
Mealhadense emigrada na Alemanha
Humorista e atriz