São inúmeros os projetos que, de ano para ano, são pensados e desenvolvidos na Escola Profissional de Anadia. Uma instituição de ensino muito ligada às raízes da Viticultura e Enologia e que “sentiu” necessidade de criar outros produtos com a uva que não fossem apenas e exclusivamente ligados ao vinho.

Chama-se Iogurte Baga Delicatessen, tem sabor de uva, e foi criado, desde o tratamento da vinha até à realização da embalagem, na Escola Profissional de Anadia. “Quando os alunos nos chegam aqui, com quinze, dezasseis anos, a aptidão para o vinho em si não é nenhuma. É um produto que nada lhes diz”, começou por explicar, ao Diário de Coimbra, Liliana Duarte, ex aluna da escola e atualmente professora do curso de Viticultura e Enologia.

“É a idade da curiosidade e nós temos que despertá-los para isso, arranjando estratégias e alternativas. Foi assim que surgiu a ideia inicial de um iogurte, um produto que chegasse a todos”, acrescentou a docente.

O processo foi desenvolvido no ano letivo de 2013-2014 e contou com o apoio da Universidade de Aveiro “na estabilização da uva para poder ser colocada em laticínio”. “Foi desenvolvido um processo de pressão hidro estático muito forte para que a uva em ‘convívio’ com o leite não se estragasse”, explicou Adriano Aires, diretor da escola desde a sua criação, em 1991.

Uma ideia que não ficou esquecida, mesmo não tendo vencido o Prémio da Fundação Ilídio Pinho “Ciência na Escola” nesse ano, e que agora  conta com mais uma novidade: uma empresa agro-alimentar portuguesa “de grande dimensão” esteve na escola, no passado dia 18 de janeiro, e em cima da mesa está a análise de uma possível parceria no fabrico e e desenvolvimento do “Iogurte Baga Delicatessen”. “A ideia foi achada muito interessante. Agora vai ser estudada a sua produção e respetiva comercialização e assim poder-se obter números”, acrescentou Adriano Aires.

Mas enquanto “a ideia não sai da escola” a produção da matéria prima, “muita dela congelada”, vai sendo trabalhada por alunos ao longo dos diferentes anos letivos. “Do que precisámos para o iogurte sobraram as películas e grainhas e foram feitos subprodutos, tais como, chá, creme de mãos, gomas e compota”, acrescentou ainda Liliana Duarte.

E o diretor da escola enaltece ainda outros projetos,  como é exemplo o “Tristão e Isolda”, uma Videira e uma Roseira e que estão espalhados por todos os cantos da Profissional de Anadia. “A videira é atacada por uma doença que se deposita nas bagas e a roseira tem outra doença semelhante, mas ambas com os mesmos sintomas. A roseira manifesta a doença oito dias antes da videira.  Assim, criámos um bonsai com a videira e roseira para podermos detectar precocemente a doença que pode influenciar a produção de uvas”, explicou Adriano Aires.

Atualmente com trezentos e trinta alunos, “ quarenta por cento provenientes do concelho de Anadia e os restantes dos municípios limítrofes”, a Escola tem disponíveis os cursos de Técnico de Gestão, Técnico de Desenho de Construções Mecânicas (Moldes), Técnico de Viticultura e Enologia, Técnico de Restaurante / Bar e Técnico de Cozinha / Pastelaria.

 

Fotografia de Ana Jesus Ribeiro