Os Sócios da Mangueira vão iniciar a «Escola de Artes Carnavalescas – Tambor», destinado a crianças e jovens dos cinco aos doze anos, independentemente de pertencerem ou não a qualquer agremiação ligada ao samba, no concelho ou fora dele. O projeto, divulgado à comunidade no «Dia do Samba», 2 de dezembro, presta uma homenagem a João de Oliveira («Macaca»), um dos fundadores da escola de samba Sócios da Mangueira (atualmente com sede provisória na Antes) e o «criador», mesmo que a título póstumo, da escola «Tambor», um projeto que ambicionou, durante anos, mas que não conseguiu concretizar devido ao seu falecimento em 2016.
Faleceu há oito anos, precisamente a 2 de dezembro, mas deixou um legado de memória, que foi passando a familiares e a algumas pessoas mais próximas. «Este é um projeto do João, pensado há vinte anos, e que me foi transmitido», começou por dizer Ana Mannarino, que a par de Rita Fernandes fazem a coordenação do projeto. «No fundo, o que o João queria era criar uma escola de artes performativas na Mealhada, que pudesse servir a formação infanto-juvenil do nosso Carnaval, algo que não existia na Bairrada e que julgo ainda hoje não existir. Era um sonho, para o qual despendeu muito dinheiro, e que se chamaria “Tambor”. Agora com os imensos registos de memória, que nos foi transmitindo, queremos dar vida a este projeto», sublinhou.
Depois de uma sessão experimental, somente destinada aos mirins da escola de samba Sócios da Mangueira, e cujo «o “feedback” não poderia ter sido melhor, resolvemos iniciar o projeto, abrindo-o a toda a comunidade do concelho, da região e do país», referiu Pedro Castela, presidente da direção dos Sócios da Mangueira, enaltecendo a componente social e cultural da iniciativa.
A escola «Tambor» inicia, oficialmente, a 14 de dezembro, pelas 15h00, na sede dos Sócios da Mangueira (provisoriamente no Pavilhão do Sume), com aulas de Bateria e Artes Plásticas carnavalescas, monitorizadas por João Pedro e Carolina Rodrigues, elementos da escola de samba. Posteriormente, a ideia é alargar o projeto a aulas de dança, samba e teatro, «percebendo, ao longo do tempo, os interesses do grupo que se formar».
«Queremos efetivamente abrir a escola à comunidade e dar a conhecer a realidade do trabalho que aqui é feito. Independentemente de se gostar, ou não, de Carnaval, presenciar estas sessões contribuirá para a quebra de barreiras e pré-conceitos que se formam sobre as escolas de samba, sem conhecimento efetivo do que se faz», defende Pedro Castela, corroborado por Rita Fernandes que não tem dúvidas de que isto trará aos participantes «valor, responsabilidade, união, trabalho em equipa e desenvolvimento pessoal».
Com o apoio da Junta da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes, no que toca à cedência do espaço (até a sede da escola, na Póvoa da Mealhada, ficar pronta, depois de um incêndio em 2020), o projeto conta com a parceria de muitas empresas da região e tem como «main sponsor» a Procut.
Para a inscrição no projeto, o encarregado de educação do participante tem que se tornar associado dos Sócios da Mangueira. Para além disso, haverá o pagamento de um seguro, uma única vez, de 6,50 euros e as aulas, que ocorrerão semanalmente ao sábado, têm um pagamento mensal de 7,50 euros para Bateria e de 12,50 euros para artes plásticas carnavalescas. «Tentámos valores baixos para o projeto ser o mais inclusivo possível, mas também temos de o tornar sustentável e, se no caso, da Bateria a escola tem todos os instrumentos necessários, o mesmo não acontece com as artes, em que temos que ir adquirindo material, com alguns custos», explicam os executantes da iniciativa.
Nas redes sociais o projeto pode ser encontrado em «Tambor – Escola de Artes».
Mónica Sofia Lopes