Tudo começou ao ver uma simples coincidência nas localizações que partilhavam nos seus estados nas redes sociais. Os quatro, ambos colocavam: – Algarve/Albufeira. Tinham acabado de chegar pela primeira vez, para gozar das suas merecidas férias, juntos.
Quando vi aquela coincidência a pairar na internet, não hesitei, procurei imediatamente confirmar se na verdade estavam todos em Albufeira. Comecei logo a trocar mensagens com o Madi e a perguntar de uma forma muito ansiosa o sítio onde estavam concretamente.
Distraído como sou, não consegui imaginar de imediato onde situava Quinta da Balaia. Quando descobri o sítio estranhei da minha própria distração, afinal passava sempre por aquele caminho.
Cheguei ao apartamento onde estavam pensando que eram só quatro, infelizmente enganei-me, eram seis, e dos seis só conhecia quatro. Cada um com a sua alcunha: – Idé o mais alto, e até foi considerado o jogador mais alto em Portugal, com dois metros e quatro centímetros, era também o mais velho da caravana dos 7Manos. Dormia tarde e acordava cedo, cozinhava para todos. E quando comíamos era todos juntos num prato enorme.
– Madi o mais discreto, não falava muito mas quando expressava todos aceitavam a sua opinião e se for para a confusão ninguém lhe apoiava, discreto até nas suas piadas. Gene é o homem dos nomes, tem mais de dez nomes alcunhados, dos quais juntamos o seu nome e o nome dos dois melhores jogadores do mundo, atualmente, e de vez em quando chamamos-lhe GeneRonalMessi. Gato preto era o Micoli, a sua alcunha diz praticamente tudo sobre ele. Todos são jogadores profissionais e BONS, inclusive os outros dois: Madiu o barulhento, e Fali o fino. A minha alcunha era Piquete e não sou jogador profissional.
Sete anos depois, o reencontro, o convívio, as conversas, a empatia que manifestávamos um pelo outro, as brincadeiras, tudo isso revelou que as amizades verdadeiras nunca morrem.
No meio de tanta alegria e brincadeira sem fim, decidimos ir todos para a piscina. Madiu estava a recuperar da ressaca da noite anterior; eu, Gene e Idé a comer laranjas; Micoli, Fali e Madi a trocarem bola ao redor da piscina. Não sei o quê que me deu, fui logo dar um mergulho, e dentro de mim já tinha uma decisão tomada: – não vou para a zona profunda porque não sei nadar.
Com tudo o que se passava naquele apartamento, cheios de amizade um pelo outro e principalmente ao pé da piscina, das lembranças que cada um contava dos tempos passados e das aventuras recentes, demonstrávamos um dinamismo e uma cumplicidade infinita. Entretanto, com as piadas do Gene, não consegui controlar o riso e a minha distração levou-me a escorregar pela zona mais profunda da piscina.
Foram dez segundo de terror para mim, não consegui controlar a minha respiração e perdi a noção de tudo que estava fora de água, gritei sem saber o que dizia. Quando saí, a única coisa que soube dizer de tanto pensar foi: – já passou e obrigado a quem me ajudou a sair.
Nos momentos bons é que a distração se aproveita para nos deixar preocupados com as coisas que nos acontecem e dá-nos lições de vida que nunca mais esquecemos. Logo percebi que felizmente estou mesmo entre irmãos e cada um de nós estaria disposto a salvar qualquer um que estivesse numa situação de aflição. Afinal de contas irmandade é isso mesmo: irmos de mãos dadas.
Artigo de Mamadu Alimo Djaló
Estudante de sociologia na universidade do Algarve
Antigo aluno de Técnico de Restauração, Cozinha e Pastelaria na EPVL
Imagem: truthseeker08 (pixabay.com)