Um bom exercício de pensamento, (que trabalheira) é questionarmo-nos se devemos procurar uma forma de gostar do trabalho que fazemos ou trabalhar apenas no que se gosta? Não é a mesma coisa!
Temos uma taxa de desemprego jovem que está acima dos 26%, portanto mais de um quarto da população apta para a vida “ativa”!
Mas, à parte de muitos jovens “realizados” profissionalmente, encontramos também muitos fortemente frustrados e pelo meio, há bué de jovens ainda muito acomodados e com as expectativas niveladas por baixo. (são várias as explicações!)
Nem sempre podemos trabalhar a gosto, mas também nunca poderão os mais jovens pensar que quando estão a trabalhar no que gostam, bastará para terem o futuro profissional assegurado.
Se por um lado trabalhar no que se gosta é fantástico, por outro nem sempre nos apercebemos que podemos sempre fazer com que o trabalho que realizamos se torne mais interessante, basta (pelo menos tentar) gostar mais do que se faz (cada um terá de encontrar a sua maneira) em vez de esperar simplesmente que apareça a oportunidade para fazer o que gostamos!
Complicado de entender? Não, basta ler mais devagar mas posso resumir:
Nem sempre a vida (profissional) é fácil e o melhor é não esperar que o seja.
Uma forma de fazer o que (pensamos que) gostamos é… constituir uma empresa!
Como agora está na moda, até podemos INICIAR ou… INOVAR!
Porque, dizem, temos muitos incentivos para isso e, toda a gente apoia e dá conselhos, até vão às escolas enaltecer quão importante é a tenacidade e a vontade de investir e, nunca devemos desistir das nossas ideias e, agora é que é e, força, muita força, vamos todos criar empresas e novos postos de trabalho…
Mas sem querer desanimar, é bom saber que em Portugal e em muitos outros países igualmente, os primeiros anos são fundamentais para a sobrevivência das novas empresas!
É importante saber que entre 2007 e 2015, cerca de dois terços das empresas sobreviveram ao primeiro ano de atividade, mais de metade (52%) ultrapassam o terceiro ano e 41% sobrevivem ao quinto ano, atingindo a idade adulta. MAS no sétimo ano, apenas um terço das empresas mantém atividade!
Portanto, não terão todos a mesma sorte, engenho ou a arte para criarem empresas que atinjam a idade que tinha o empreendedor que um dia as criou!
Mas será preciso tanta empresa nova? Será que não haverá por de trás desta nossa lusitana vontade de “criar”, uma vontade de “não” ter de “aturar”? Ou de “não estar disposto a”? Creio que sim. Não que não seja legítimo, mas não pode ser para todos!
Apeteceu-me desta vez, vir falar do estigma Nacional que tenta evitar profissões cuja função principal é vender! Poucos querem ou desejam “vender” embora toda gente “venda” desde pequenino aos pais, até ao dia em que discute o ordenado, mas parece que muitos jovens (influenciados pelos mais velhos claro) não gostam de… vender!
Não sabem o que perdem, mas o pior é o facto de alguns até passarem a vida a fazê-lo mas não se apercebem e, isso é muito pior ainda!
Pois fiquem sabendo que numa analise mais profunda, são mais as profissões em que os que as executam… vendem qualquer coisa, do que as aquelas em que não se vende! (o exemplo mais extremo é o próprio “serviço” que vendemos a quem nos paga!!)
De facto, encontro muita gente nova a declarar franzindo a testa nas entrevistas de emprego que: “para vendas é que não”! Então e as empresas que os contratam como é que sobrevivem? Estas empresas existem para quê?
(Exceções para discussão à parte o voluntariado já que, não vamos aqui falar dos “votos” que damos nas eleições e de facto não os vendemos porque não os… cobramos!
Hhaá !? Podem ser diretores de fábrica, contabilistas, diretores de recursos humanos, diretores de tanta coisa talvez, mas isso é uma “venda” interna e portanto alguém tem de o fazer lá fora.
Pois gente boa, lutem pelos vossos direitos com a tenacidade com que forem capazes mas depois pensem mais em fazer de forma prazerosa o que há para fazer e menos em esperar que apareça um trabalho que gostam muito, até porque quando se tem pouca experiência, sabe-se pouco por definição, sobre o que se gosta realmente e não podemos nem devemos confundir com o que desejamos! Persigamos os nossos sonhos mas não hipotequemos a realidade.
Bom trabalho, que se a gosto, dá muita saúde!
Adérito Duarte