Descobri que tinha uma escoliose aos 13 anos.  Para quem não sabe, ter uma escoliose é ter a coluna toda escangalhada, cheia de desvios. Sim, sou uma mulher cheia de curvas, até na espinha. (risos)

Descobri isto da pior maneira possível. Se é horrivel descobrir no médico, é pior descobrir através de colegas da turma. Até porque o médico não se começa a rir da nossa deficiência e não começa a chamar nomes tipo “olha a Corcunda de Notre Damme!” “Já que estás curvada aperta-me os atacadores!” ou o clássico “Perdeste uma lente de contacto, foi?”.

Aconteceu numa visita de estudo da escola, fomos a Óbidos durante o verão e estávamos de fato de banho, na praia. Eu ia a andar à frente da Rita e ela, de repente, chama-me e diz “Oh Caty, olha que tens uma escoliose nas costas!” ao que respondi “aiii que nojo, tira tira! Odeio insetos!”

Depois ela explicou-me que uma escoliose era um desvio na coluna e eu fiquei mais descansada. É que não suporto insetos.

A Rita sabia que eu tinha uma escoliose porque também lhe tinha sido diagnosticada uma. Mas acontece que eu sempre fui muito competitiva portanto fiquei feliz por saber que a minha era mais grave que a dela!

Eu devia fazer natação e pilates mas não gosto de coisas que envolvam sair do sofá. É uma mania que eu tenho, por este andar não será por muito tempo a não ser que haja sofás no purgatório.

Ter uma escoliose era chato, principalmente nas aulas, quando a professora dizia “Catarina, ponha-se direita!” porque isso implicaria passar por uma cirurgia de 8 horas, mais uns 6 meses de convalescença e depois ia perder imensa matéria.

Houve um médico que me disse que eu não podia ter filhos (como se eu precisasse de alguma desculpa, muito obrigada na mesma, sr. doutor com extrema falta de sensibilidade para conversar com doentes de 14 anos sobre engravidar). Portanto, presumo que este médico achava que adotar uma criança pode danificar a coluna.

Outro médico disse que a minha coluna iria fragilizar-se com o passar do tempo e que podia acontecer um dia ficar numa cadeira de rodas. O que não deixa de ser irónico até porque eu faço “stand up” comedy.

 

Catarina Matos

Mealhadense emigrada na Alemanha

Humorista e atriz