Saiu de casa na manhã de 14 de dezembro e só foi encontrado mais de vinte e quatro horas depois, a sete quilómetros da sua habitação. Falamos de José Moço, de oitenta e um anos de idade, residente na Mata da Curia, que foi encontrado, por uma civil, na manhã do passado dia 15, em Outeiro de Baixo. Estava sem camisa e tinha ferimentos na cabeça.

Paula, cuidadora de José e Gracinda Moço, de 81 e 82 anos de idade, respetivamente, tratou deles na passada terça-feira, tendo deixado a habitação com o casal “pronto” para mais uma (normal) noite de sono. Mas na manhã do dia seguinte, quando regressou, José Moço já não estava. A esposa, acamada e com demência, nem se apercebeu da ausência do marido.

O alerta foi de imediato dado, pelos filhos do casal, no Posto de Anadia da Guarda Nacional da Republicana e, no imediato, começaram extensas horas de buscas. Infrutíferas, ao final da tarde do dia 14, a GNR solicitou a ajuda dos Bombeiros Voluntários de Anadia.

Ana Matias, comandante dos Bombeiros Voluntários de Anadia, ao «Bairrada Informação», explicou como tudo aconteceu: “Fomos alertados, cerca das 17h 30m, de quarta-feira, para ajudar nas buscas do desaparecimento de um idoso, que sofria de Parkinson, bastante acentuado, e que, apesar de ter mobilidade, às vezes tinha episódios de demência, que tudo indica que foi o que aconteceu. Começámos as buscas com cinco elementos, mas tivemos que pedir pedir auxílio de três equipas de buscas e salvamentos (com cães) de Albergaria a Velha”. Buscas que foram suspensas, nessa noite, pelas 22h 30m, “pois não era possível estar no terreno com o solo muito molhado e a visibilidade reduzida”.

Tudo acontecia ao mesmo tempo que o cartaz do desaparecimento de José Moço era partilhado na rede social Facebook.15589703_1544788908888771_3276192299372478829_n

O amanhecer do dia 15 de dezembro recomeçou com as buscas, que foram travadas “pelas 10h 30m, quando houve um alerta de uma civil em Outeiro Baixo, a sete quilómetros da habitação de José Moço”. “Estava caído de joelhos, sem camisa e com ferimentos na cabeça. Tinha junto dele um guarda-chuva, que estava todo estragado. Mas, de acordo com o seu quadro clínico de demência, respondeu sempre com o discernimento às questões que lhe foram feitas”, disse ainda Ana Matias, referindo que o sénior seguiu para o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, com indícios de hipotermia, mas “nada de alarmante”.

“Acho que se pode considerar um milagre, o senhor José ter aparecido, depois de tanto tempo sem comer, ao frio e sem tomar medicação”, disse-nos Paula, cuidadora do casal, que acrescentou que “José saiu de casa, e segundo palavras suas, fê-lo porque queria ir tratar de uns assuntos, incluindo buscar medicação, fruto da desorientação de que sofre. Acabou por se perder e julgo que resistiu porque está habituado a fazer algumas caminhadas durante o dia, no período em que as cuidadoras aqui estão”.

Nas operações de busca estiveram, na noite do dia 14, três viaturas e onze operacionais da corporação de Anadia, uma viatura do Quartel Operacional de Albergaria a Velha, dois elementos do Posto de Anadia da GNR e três equipas de busca e salvamento também de Albergaria. Na manhã do dia seguinte, a operação contou com quatro viaturas da corporação de Anadia (incluindo uma ambulância), uma de Albergaria, treze bombeiros e dois elementos da GNR.

 

Imagem de capa de diego_torres (pixabay.com)