O pedido de suspensão de mandato, por noventa dias, de Guilherme Duarte, cabeça de lista do Partido Socialista à Câmara da Mealhada e que ditou a sua eleição enquanto vereador da oposição, foi aprovada, por unanimidade, na primeira reunião do executivo municipal do mandato 2025-2029, que se realizou na manhã de ontem. O pedido, suportado por parecer jurídico que alega incompatibilidade em ser vereador e presidente da Fundação Bussaco (cargo que ocupa desde fevereiro de 2021), foi aprovado em minuta com efeitos imediatos, tendo João Cidra Duarte, o número quatro da lista, assumido o lugar, ao lado de Claudemiro Semedo e Paula Borges.
«No dia da tomada de posse (a 29 de novembro), Guilherme Duarte apresentou esta suspensão, com um parecer jurídico que demonstra a incompatibilidade em ser vereador e presidente do conselho diretivo da Fundação, em simultâneo», começou por dizer António Jorge Franco, reeleito presidente da Câmara da Mealhada, não se coibindo de manifestar a sua posição: «Estaria no cargo de presidente da Fundação até quando a pessoa que me nomeou estivesse. Foi isso que fiz quando o professor Carlos Cabral saiu da Câmara e tomei a posição imediata de me demitir da Fundação Bussaco, onde também fui presidente, saindo a custo zero». O autarca acrescentou ainda que «a administração central pode proceder à sua demissão, o que implica uma indemnização, mas esperemos, contudo, que Guilherme Duarte continue a ter a confiança do Governo e realize um bom trabalho no Bussaco. Isso será positivo para todos», desejou.
Paula Borges, vereadora eleita pelo PS, reforçou o facto de haver «incompatibilidade legal», uma vez que «a presidência na Fundação é um cargo em regime de exclusividade», garantindo, contudo, ter sido «uma decisão pessoal». «O PS irá continuar o seu trabalho com João Cidra Duarte que reúne capacidades extraordinárias», acrescentou.
Ricardo Santos, reeleito por mais quatro anos vereador pelo «Mais e Melhor», questionou retoricamente: «Será que se o PS tivesse ganho as eleições a posição seria a mesma? Se eu tivesse votado no partido sentir-me-ia desiludido». Palavras corroboradas por Filomena Pinheiro, que na mesma reunião foi nomeada novamente vice-presidente da Autarquia, que admitiu «surpresa» na tomada de posição.
A suspensão foi aprovada por unanimidade, com efeitos imediatos, uma vez que «João Cidra Duarte quer já participar nesta reunião», sustentou o presidente da Câmara da Mealhada, desejando «um bom trabalho» e alegando que o agora vereador, antigo presidente da Junta de Barcouço, «foi sempre o mensageiro da desgraça». «Não defendeu bem a sua freguesia e tivemos muitas dificuldades», disse.
Afirmação que levou João Cidra Duarte a garantir estar no órgão «para colaborar com o Município. Jamais estarei contra o concelho e contra a minha freguesia. Não vou pensar nas nossas divergências, mas no desenvolvimento do nosso concelho, que bem precisa. É desse lado que estarei».
Nuno Veiga, o novo vereador da equipa encabeçada por António Jorge Franco, referiu que o facto de o executivo ter a experiência de três antigos presidentes da Junta (Barcouço, Casal Comba e Luso) «só pode ser bom e uma mais-valia». «Peço que o jogo político não ajude a tomar decisões», rematou.
Contactado pelo nosso jornal, Guilherme Duarte não quis prestar quaisquer declarações sobre a suspensão.
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografia com Direitos Reservados
























