Os Municípios da Mealhada, Mortágua e Penacova e o Exército Português, através da Direção de História e Cultura Militar, assinaram, na manhã de ontem, um protocolo de cooperação «com vista à implementação de um projeto sinérgico (entre as quatro entidades), ancorado na revitalização de infraestruturas e locais de interesse relacionados com a temática da Batalha do Bussaco». A cerimónia decorreu, no Museu Militar do Bussaco, durante as comemorações dos 215 anos da Batalha do Bussaco e com a carga simbólica de ser o Dia Mundial do Turismo.

Está dado o primeiro passo para diversas intervenções no Bussaco, transversal aos concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova, nomeadamente, no Museu Militar do Bussaco, toda a sua envolvência e a Praça Nobre em frente; Capela da Nossa Senhora da Vitória; «Casa do Diretor»; Obelisco e Mural; Convento de Santa Cruz; e Moinhos da Moura, Sula e Meligioso e ainda numa sala do Museu do Moinho. No Posto de Comando de Wellington, «posto de observação determinante na Batalha do Bussaco», será construído no topo do rochedo um miradouro circular, e haverá também intervenção em Santo António do Cântaro, «uma pequena aldeia com quatro, cinco casas, mas onde se travaram alguns momentos da batalha», explicou, ontem, Álvaro Coimbra, presidente da Câmara de Penacova, acrescentando que «o turismo é a mola da economia nacional» e que este protocolo «é um impulso grande para a região».

Ontem deu-se início à fase de projeto, orçamentado entre 70 a 80 mil euros, do que designam na sua globalidade como o Centro Interpretativo do Bussaco, cuja estimativa do valor total da obra pode vir a ultrapassar um milhão de euros. «É um grande projeto que esperamos que dentro de quatro anos possa estar no terreno. A ideia é criar uma rota nacional e internacional para que quem venha percorra todos estes espaços e entenda toda a nossa história», declarou António Jorge Franco, presidente do Município da Mealhada, garantindo que a assinatura de ontem foi «a primeira pedra do que estamos a colocar neste território para fazer crescer o turismo na região».

Palavras corroboradas por Ricardo Pardal Marques, presidente da Câmara de Mortágua, que enalteceu «a valorização do património e o papel dos técnicos dos três Municípios», declarando que «está lançada a primeira semente para se fazer o projeto».

O Tenente-General Paulo Maia Pereira, vice-chefe do Estado-Maior do Exército, começou por dizer que «a preservação do património» é também uma das missões «do serviço de Estado no país». «Parabéns pela iniciativa e pela vossa permanente visão de futuro para esta região, que é tão importante», congratulou, dirigindo-se aos presidentes das Câmaras envolvidas.

«O que aqui pretendemos é desenvolver espaços de reflexão, de partilha e de valorização das terras, das gentes e do património. É afirmar uma região com substrato, com história e sacrifício. É muito importante valorizar o nosso legado e trazer as pessoas até ele. A nossa matriz número um é colocar esta região no centro do mapa», disse o Tenente-General Paulo Maia Pereira, exemplificando ainda: «Todos os dias no meu gabinete em Lisboa, vejo os cruzeiros a chegarem. Estamos a falar de milhares de pessoas… Porque não ter ali um ou dois autocarros e trazer esses turistas até aqui?».

O acordo com o Exército Português, recordamos, «surge numa altura que foi retomado, recentemente, por iniciativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, o processo de classificação do Campo Militar do Bussaco, instrumento que permitirá proteger e valorizar o território onde foi travada a Batalha».

 

Mónica Sofia Lopes