Nota da redação: Apesar de só agora apresentarmos a reportagem, o trabalho no local foi realizado em meados de fevereiro deste ano, numa altura em que ainda era distante imaginarmos que o mundo ficaria em reclusão.

Fique em casa para que, o mais breve possível, possa visitar este e outros locais.

 

Chama-se Aidos da Vila e é uma quinta biológica e pedagógica situada em Vilarinho do Bairro, no concelho de Anadia, com cerca de três décadas de existência. Ali, uma pequena equipa «trata» de cerca de 800 espécies vegetais desde a sua plantação, passando por todo o tratamento até à colheita. Dentro dos «muros» do espaço existe ainda um laboratório que dá cada vez mais cartas na área dos óleos essenciais.

Situada no concelho de Anadia, um município privilegiado que se encontra entre as cidades de Aveiro e de Coimbra, a Aidos da Vila está repleta de espécies mesmo só contando com um hectare. «A primeira árvore, que deu origem a todo este edifício, foi plantada em 1991», disse, ao nosso jornal Valdemiro Pereira, economista de formação, com experiência na administração de empresas, que sempre teve paixão pela Natureza «e por tudo o que faz sujar as mãos na terra», um sonho concretizado com o surgimento da Aidos da Vila.

Laboratório, sala de sementes, sala etnobotânica e investigação agronómica, apícola e alimentar. Ali nada falta. «Temos agricultura biológica certificada, num local onde as árvores de fruto exóticas estão a produzir duas vezes por ano», referiu, orgulhoso, Valdemiro Pereira, sobre a quinta biológica onde as preocupações ambientais são prioridade, tais como a reciclagem, a compostagem e a obtenção de energia solar.

A Aidos da Vila junta cerca de 800 espécies oriundas de todos os continentes, incluindo 60 fruteiras exóticas e mais de 500 aromáticas, medicinais, condimentares e tintórias, e conta com parcerias com os Jardins Botânicos de Lisboa e de Coimbra, mas também de algumas entidades do estrangeiro. Ali tanto se veem as tradicionais couves, cenouras, salsa, coentros e alhos; como os frutos dos Himalaias, dálias e laranjeiras do México, argania spinosa do norte de África e diversas variedades de oliveiras.

Saindo da terra e já entre quatro paredes, um pequeno laboratório experiência vários óleos essenciais. «De todas as plantas que temos na quinta fazemos experiência», começa por dizer-nos Micael Silva, Mestre em Agricultura Biológica, explicando que «o material é apanhado, seco, fracionado e toda a matéria vegetal é colocada, com água, em destiladores de cobre». Ultrapassado o processo artesanal, passa-se para o de vidro, que normalmente resultam, «se tudo correr bem», em 20/30 milímetros de óleo essencial.

«Estamos também a fazer ensaios para elaboração de pratos de trigo sarraceno impermeabilizados com konjac na tentativa de combater o plástico. O prato será tão biodegradável que até se come», referiu Valdemiro Pereira.

O espaço conta ainda com um banco de sementes, onde estão 762 sementes e plantas, todas registadas num caderno de campo, que é vastas vezes facultado aos Jardins Botânicos de Coimbra e Lisboa. A quinta tem também galinhas, coelhos e ovelhas.

«O nosso único lamento é não termos a visitação que gostaríamos. Gostávamos de sermos vistos e termos público…», referiu ainda o mentor da Aidos da Vila, que sonha pelo dia em que as pessoas se dirigiam à quinta, «colham os produtos que queiram comprar e ainda bebam um chá dos nossos».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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