Ex.ma Sr. Presidente da AM, Sr. Vice-Presidente da Câmara, senhores vereadores, minhas senhoras e meus senhores:        

 

Voltamos de novo, aqui, para celebrar solenemente o 25 de Abril, para lembrar um sonho chamado Abril.

E lembramos o texto de Jorge de Sena…. “Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade.”

A liberdade de pensar, de escrever, de cantar, de tocar, de rir. Mas também a liberdade de criticar, de reivindicar, de exigir. A liberdade de ter direitos.

 

Escolhemos para estes 43 anos, dois desses direitos.

O primeiro é o direito à paz. Ora este está ameaçado porque a paz, mais do que a simples ausência de guerra, é condição de progresso económico e social, de sobrevivência da própria espécie humana e de manutenção da vida sobre a Terra. Mas a ameaça representada pelo intervencionismo das grandes potências imperialistas, com destaque para os EUA e os seus aliados, bem como pela existência e papel da NATO e a presença de armamentos nucleares nos arsenais de alguns países, agravam a insegurança e a instabilidade na Europa e no mundo. E Portugal está na Nato. E a NATO, do Atlântico Norte passou para todo o mundo. Agudizam-se as tensões internacionais, no Médio Oriente, no norte de África, na Europa oriental, no sudeste asiático, e em outras regiões do globo, registando-se uma perigosa e renovada corrida aos armamentos, nucleares e não nucleares, e a novas formas de guerra, designadamente nos domínios da cibernética e da robótica. Do tradicional soldado e das tácticas costumeiras do poder nos campos de batalha, passou-se para decisões tomadas muito longe dos alvos a abater. E isso é ainda muito mais perigoso.

 

O outro é o direito à felicidade porque os homens nascem com esse direito.

E esse também está ameaçado. Só se é feliz com paz, pão, saúde, educação, habitação, já o lembrámos aqui,  como canta Sérgio Godinho. Ora, se algumas das políticas do anterior governo já foram revertidas, muito falta fazer para que os portugueses possam ser felizes, porque já faltava e depois, com esse governo, piorou: um emprego efectivo e com direitos e garantias, um SNS de maior qualidade e proximidade, universal e gratuito; uma habitação cómoda, condigna e adequada às exigências climáticas e etárias dos ocupantes; escolas públicas que propiciem aprendizagens científicas, técnicas mas também cívicas e de cidadania, com uma gestão verdadeiramente democrática, onde a aprendizagem e o humanismo orientem a relação pedagógica e esta não seja norteada pelas listas de excelência, (recusamos a usar a língua inglesa); Aiii! Falta tanto ainda para cumprir Abril. Mas nunca esmoreceremos. Não desistiremos.

E por isso lutaremos. Confúcio, um pensador chinês de há cerca de 8 mil anos (séc. VI AC) dizia: “Saber o que é correcto e não o fazer é falta de coragem.” Ora cobardes, isso é que nós, comunistas, não somos. Arrostámos contra ventos e marés, contra as ideias capitalistas e forças policiais, sempre na defesa dos reais interesses dos portugueses.

 

Manuel Alegre, num sentido e inspirado soneto “Abril de sim, Abril de não”, escreveu : ”eu vi Abril em festa e Abril lamento”.

Hoje e aqui nós queremos ver Abril coragem, Abril esperança.

Viva o 25 de Abril!

 

Pel’ Os eleitos da CDU [PCP]

Isabel Lemos