Uma obra para instalação de um restaurante de uma cadeia internacional de «fast-food» na Mealhada já teve início junto ao Itinerário Complementar 2, do lado norte da Escola Secundária da Mealhada. Na última reunião do executivo camarário o local de construção gerou debate.
António Jorge Franco, presidente da Autarquia da Mealhada, confirmou que no local está a ser instalado um restaurante de «fast-food», explicando que a empresa em questão «cumpriu todos os procedimentos para licenciamento da obra». José Calhoa, vereador eleito pelo Partido Socialista, manifestou apreensão no que toca «a autorização da construção desta obra», alegando estar «“paredes meias” com a Escola Secundária da Mealhada». «Andamos nas escolas a lutar por alimentação saudável e implementação de frutas, colocar ali um estabelecimento daqueles não me parece mesmo o melhor local», acrescentou, afirmando ainda: «Aquilo é uma prenda para os miúdos».
Declaração que levou o presidente da Câmara a garantir que se continuará «a debater sempre (nas escolas) por uma alimentação saudável». «A ida de qualquer jovem ao Mac Donald’s vai acontecer sempre, ali ou em qualquer outro local. Todos sabemos que o que consumimos em exagero pode ser prejudicial, mas também não nos esqueçamos que este tipo de estabelecimento cria emprego e gera economia», defendeu o autarca, enfatizando que «em quatro anos, com a vinda das superfícies comerciais criou-se mais economia no concelho. Ou queremos crescer ou não queremos e estas empresas só querem estar em municípios que têm crescimento. Isso é um bom sinal para nós».
Hugo Silva, vereador no Município, garantiu que «há uma preocupação permanente com a alimentação saudável» e que «querer defender o proibicionismo, normalmente, resulta no contrário. Aliás, numa outra loja com insígnia semelhante, é fácil ver lá aos fins de semana os jovens com as famílias». Palavras corroboradas por António Jorge Franco, que afirmou: «Nós temos de criar meios para as pessoas que aqui residem, tenham uma alimentação saudável, mas não é proibir nada. Se não, qualquer dia não comemos leitão e nem bebemos vinho». «Sensibilizar e educar fazemo-lo todos os dias», concluiu.
O vereador Ricardo Santos declarou que «a marca sabe que vai ter sucesso naquele local, por estar junto à estrada», relembrando que «a saída e entrada dos alunos da escola é bem longe daquele local». «Devíamos estar satisfeitos com este investimento, que cumpre todos os requisitos, no concelho da Mealhada», acrescentando ainda que «o exemplo de uma alimentação saudável vem de casa. Tudo o que não for em excesso não é prejudicial». «Os miúdos na cantina não comem sopa e fruta, mas não é por causa do Mac Donald’s. Têm maus hábitos alimentares», corroborou o vereador socialista Rui Marqueiro.
O tema desta obra espoletou um outro assunto, o da intenção de instalação de um posto de combustível à entrada de Casal Comba que, segundo José Calhoa, a Câmara teria dado «parecer negativo». O edil referiu que «ninguém impediu», mas que «tem de ser apresentado um projeto que não ponha em causa a Ponte Romana – nomeadamente com uma plataforma por cima -, o cruzamento e o parque de lazer existente». «Há um conjunto de exigências que a empresa não consegue dar resposta. A IP, por exemplo, só autorizou a entrada nas bombas, mas negou que a saída dos carros fosse para o IC2 e teriam que ir pelo rio Cértima», disse, acrescentando que «vai haver uma reunião com a empresa».
«Devemos preservar o nosso património. Estamos em cima da principal via romana e é nosso dever preservá-la», disse a vice-presidente Filomena Pinheiro, dando como exemplo o caso «da panificadora de Vila Real que foi destruída para a construção de um Lidl. Trata-se da capacidade dos executivos perceberem aquilo que os distingue».
Mónica Sofia Lopes