«Em Portugal, no setor do vinho, exportamos muito mais do que aquilo que importamos», disse, ontem, na abertura da 22.ª edição da Feira da Vinha e do Vinho, em Anadia, José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Pescas, acrescentando que, no caso do espumante, a exportação do espumante «teve um aumento de 20% em 2024», relativamente ao ano homólogo. «Espanha aumentou 1% e França até diminuiu», enfatizou, na área do certame dedicada precisamente aos produtores vitivinícolas.
Anadia estará em festa até ao próximo domingo, por onde passarão artistas como Nininho Vaz Maia (ontem), Sara Correia (esta noite), MC Daniel amanhã, a banda internacional britânica Morcheeba no sábado e, no último dia, à noite, as marchas populares da cidade, com uma tarde dedicada aos mais novos.
Mas numa feira «onde o vinho espumante é ícone incontornável», foram deixadas algumas mensagens, especialmente por José Pedro Soares, presidente da Comissão Vitivinícola da Bairrada, que começou por congratular o Ministro da Agricultura «pela medida que permitiu a descativação das verbas associadas às taxas pagas pelos produtores», que, na sua opinião, «devem ser investidas no setor vitivinícola» e por ter impedido que «as empresas que importam vinho pudessem recorrer às ajudas de Bruxelas para a destilação».
«Mas é preciso mais», disse, enumerando a necessidade de criação de linhas de financiamento para que entidades, como a Comissão Vitivinícola ou a Rota Bairrada, possam garantir tesouraria para executar os seus projetos; «projetos que devem ter avaliações céleres, tal como os pedidos de financiamento». «É necessário impedir a comunicação errada: se um vinho é da Bairrada então tem de dizer Bairrada no rótulo e possuir um selo dessa garantia», continuou, acrescentando que «precisamos de inovação no terreno», dando como exemplo o ansiado «Polo de Inovação dos Espumantes, instalado na Estação Vitivinícola da Bairrada». «A realidade vitivinícola é distinta em todo o país e peço-lhe que as medidas a adotar não sejam uma linha reta», deixou ainda em jeito de desafio a José Manuel Fernandes.
Em resposta, o Ministro da Agricultura comprometeu-se com «a simplificação e desburocratização», lamentando «o tempo que se demora, por exemplo, em licenciamentos», numa atividade que defende que «precisa de ser acarinhada». «O vinho e o espumante significam desenvolvimento rural e coesão territorial, mas também inovação e investigação. Os produtores sabem melhor do que ninguém o que é resistência», referiu, recordando que «hoje há uma maior fiscalização».
Na sua última Feira, enquanto presidente da Autarquia, cargo que ocupou durante três mandatos, Maria Teresa Cardoso, recebeu a notícia de que «o nó da Autoestrada 1 (muito desejado nos concelhos de Anadia e de Oliveira do Bairro) está nas prioridades de negociação com a Brisa». «Nesta legislatura, o nó avançará», garantiu o ministro.
Antes da saída, que acontecerá com as eleições autárquicas de 2025, a edil reforçou que «o setor vitivinícola tem uma grande percentagem na economia do concelho». «Os produtores são inovadores, empreendedores, resilientes e vão resistindo aos desafios. São eles que muito contribuem para a história do nosso concelho», disse, desejando que «o certame perdure, sempre em espírito de convívio e de união».
Ao Ministro da Agricultura deixou ainda, em jeito de «recado», a mensagem de que «a Autarquia muito vai investindo nas florestas para manter este pulmão verde que vemos daqui». «É com grande empenho do Município, forças de segurança, Bombeiros e associações florestais que vamos conseguindo proteger a floresta», rematou.
Mónica Sofia Lopes