Dezenas de pessoas, oriundas de várias partes do mundo, estiveram este fim-de-semana na Curia para o 24.º Encontro Nacional de Cineclubes, organizado pela Federação Portuguesa de Cineclubes, que, após percorrer muitos pontos do país, chegou em 2019 ao concelho de Anadia. Com o cinema a ser génese de todas as atividades programadas, o evento surge numa altura em que também o Cineclube da Bairrada assinala um ano de existência.

“Ao final de um ano de atividade, estamos a coorganizar este evento e isso é para nós uma honra”, começou por dizer, na cerimónia inaugural, Artur Castro, presidente da assembleia de membros do Cineclube da Bairrada, explicando serem “um dos dois mais recentes cineclubes criados no país” e evocando “serem o único com a terminologia de uma região e não de uma cidade”. “Abrangemos sete concelhos e desses já temos quatro a trabalhar connosco”, acrescentou.

A cerimónia de abertura do encontro realizou-se na antiga sala de cinema das Termas da Curia, um espaço que, segundo Artur Castro, “foi desativado no final da década de oitenta” e representa “uma autêntica viagem no tempo”.

Jorge Sampaio, vice-presidente da Câmara de Anadia, agradeceu a escolha do local para o vigésimo quarto encontro, enaltecendo o papel do “cineclube da casa”. “Este é um projeto, consistente e ponderado, baseado em trabalho, com gente de trabalho”, elogiou o autarca, afirmando ver nos cineclubes o passado, presente e futuro: “Preservam a história; dão-nos o presente todos os dias; e são essenciais para o futuro”.

Palavras corroboradas por Susana Menezes, Diretora Regional de Cultura do Centro, que, no seu discurso, enfatizou o facto dos cineclubes estimularem “a paixão pelo cinema, através de um trabalho resiliente que a todos beneficia”. “Os cineclubes geram conhecimento e massa crítica; promovem a liberdade; e fazem pensar e evoluir”, destacou ainda.

Presente no encontro esteve também António Cláudino Jesus, presidente da Federação Internacional de Cineclubes, que relembrou o facto do movimento cineclubista atuar em muitas áreas, sendo o cinema o seu instrumento base e o objetivo fundamental “o de atrair público e tornar a cultura acessível a todos”.

O dirigente, oriundo do Brasil, lamentou a atual situação cultural do país brasileiro, “que nem Ministério da Cultura tem atualmente”, designando-a de “trágica”. “A verdade é que através da imagem e do audiovisual chegamos muito mais perto do espírito crítico dos cidadãos”, disse, concluindo ainda que os cineclubes são “um importante instrumento de lazer, prazer e instrução”.

Hoje e amanhã, o programa é vasto e pode ser consultado em https://www.fpcc.pt/encc/. “O mais importante de tudo é a troca de ideias com pessoas de países tão diversos”, referiu o presidente da Federação Portuguesa de Cineclubes, António Costa Valente, garantindo que “o cinema aproxima tudo” e que “próximos conseguimos fazer muito mais”.

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Galeria de fotografias de José Moura em https://www.facebook.com/bairradainformacao/