“Os programas escolares dedicam vinte e cinco por cento do tempo a temas livres. Porque não aproveitar este tempo para mostrar aos mais novos, os poetas e escritores das suas terras?”. O desafio foi lançado, na manhã de ontem, por Celeste Amaro, Diretora Regional de Cultura do Centro, no Parque das Artes na Curia, aquando da inauguração da Festa Literária Folha, que se realiza até amanhã, sábado, 29 de setembro.
“São trezentos e oito Municípios em todo o país e tenho a certeza de que em todos há alguém que escreve”, disse Celeste Amaro, para uma plateia de escritores, poetas, editores, livreiros, entre outros, sugerindo que sejam as Câmaras Municipais “a proporcionar o encontro entre os mais novos e os escritores e autores de contos das suas terras”. “Vinte e cinco por cento de temas livres é muito tempo para introduzir novas formas de cultura”, enfatizou.
Num evento, que durante três dias, reúne diversos nomes, de cariz nacional, ligados à literatura, a Diretora Regional de Cultura do Centro falou ainda da atual “competição do livro e do papel com as plataformas digitais”. “Os dados estatísticos mostram-nos que, de facto, as bibliotecas públicas recebem menos gente. São os mais velhos que as procuram e os mais novos somente para fazerem trabalhos para a escola”, referiu, defendendo a adaptação ao novo paradigma: “É por isso que a Biblioteca Nacional já tem quinze milhões de títulos (páginas) disponíveis online”.
A sessão de ontem (27 de setembro), em pleno Parque da Curia, foi o início de três dias dedicados aos principais agentes da literatura. “Só foi possível passar do sonho à realidade com o apoio da Câmara de Anadia, de algumas empresas e dos convidados, entre escritores, poetas, pensadores, editores e livrarias”, agradeceu José Manuel Romão, das Águas da Curia. Agradecimentos corroborados por Francisco Mendes, da Curia Associação, que garantiu “estar sempre disponível para colaborar em tudo o que for preciso!”.
António Vilhena, curador da primeira edição da Festa Literária Folha, garantiu “ser o princípio da viagem, de uma festa intimista, onde impera a partilha e o sonho”. “Para o ano esperamos que este sonho cresça”, acrescentou.
Para Teresa Cardoso, presidente da autarquia de Anadia, o evento que arrancou ontem “será importante para o futuro”, nomeadamente, com enfoque na Curia, um espaço que diz ser “relaxado” e que “permite sonhar”. “Parabéns pelo conceito deste evento e pela forma como tudo foi construído e desenhado”, elogiou.
A edil relembrou ainda que a Curia “é o ex-líbris da Câmara”, mas que o Parque “não é municipal”. “O que tentamos fazer aqui é incentivar a que algo mais aconteça”, concluiu a autarca.
Hoje, sexta-feira, houve literatura infantil com Milu Loureiro e José António Franco, seguida da inauguração da exposição do cartoonista Vasco Gargalo. À tarde estarão a poetisa Matilde Campilho e o catedrático e ensaísta José Carlos Seabra Pereira na discussão “Pela água é que vamos?”. “Literatura: doença ou cura?” pelo poeta José Fanha e o médico psiquiatra José Luís Pio de Abreu. Às 17h 30m, o apresentador Júlio Isidro e o maestro António Vitorino d’Almeida afloram a proposta “Conta-me uma história”. À noite, haverá um recital de poesia nas vozes de Cândida Ferreira e Francisco Paz, durante um jantar numa das Caves de vinho da Bairrada.
Mónica Sofia Lopes
























