Isabel Lemos apresentou a sua obra «A… Pequenas Histórias de 26 Mulheres», editada pela Oficina da Escrita, no ciclo de conversas «Palavra de Autor», promovido pela Biblioteca Municipal da Mealhada, na tarde desta sexta-feira, 24 de outubro. Autora de contos e peças de teatro (não publicados) e de diversos textos publicados em vários jornais e revistas, Isabel Lemos lançou assim o seu primeiro livro.

Na obra encontram-se «momentos» da vida de vinte e seis mulheres, de A a Z, «na primeira pessoa ou através de um narrador mais ou menos presente». «As narrativas, independentes, umas com algumas páginas e outras só com algumas linhas, permitem uma reflexão sobre alguns dos temas da atualidade, mas que vêm já de outros tempos (…): amores desencontrados, proibidos, abusos sexuais de crianças, violações, mutilação genital feminina, perseguições, guerra colonial, a demência na velhice ou a perseguição em meio escolar», lê-se na descrição da obra que, nas palavras da autora, «está escrito numa linguagem simples, corrente, quase coloquial, acessível a todos, mesmo aos que se intimidam perante um livro».

Na cerimónia de apresentação, que começou com a recitação de dois poemas de Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner, pela voz de Manuela Bizarro, Isabel Lemos emocionou-se por ter a sala cheia, mas principalmente «por ter na plateia muitos dos seus antigos alunos», uma vez que foi docente na Mealhada, onde se fixou depois de ter estudado Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

«De todas as línguas românicas, o português é a única que usa o artigo definido com um nome próprio. Foi esta a circunstância que me fez escolher um A, seguido de reticências, no título desta obra. Com isto, quis abraçar solidária e fraternalmente todas as mulheres», referiu Isabel Lemos, acrescentando ser este um livro «de circunstâncias que, neste caso, obrigam a ações. Muitas destas mulheres foram resistentes e resilientes».

Dedicada à sua neta, estatuto que levou a autora a descobrir «uma paixão prazerosa e serena», a de se ser avó, Isabel Lemos prestou uma homenagem de gratidão aos pais, «porque nos anos 50, 60 e 70 souberam proporcionar-me uma diversificada formação, do qual fez parte o gosto pelos livros», onde começou por ler as tradicionais histórias infantis até aos grandes autores da humanidade, incluindo muita literatura francesa e italiana.

«A… Pequenas Histórias de 26 Mulheres» terá na letra I uma história assumida como autobiográfica. «Sou nada e criada no Porto e quando comecei a escrever tive memórias de tantas coisas: dos cheiros, das cores e das imagens», referiu, deixando no ar a publicação de uma segunda obra: «Os afetos não têm explicação e, por isso, nunca serão passíveis de serem beliscados pela inteligência artificial. A memória ocupa e preocupa, mas isso deixarei para o meu próximo livro…».

Presente na sessão esteve Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara da Mealhada, que referiu que «Isabel Lemos consegue sempre surpreender-nos. Continua a viver “as suas vidas” sempre de uma forma muito interessante. Só lhe podemos agradecer todo o empenho e carinho que tem dedicado à nossa comunidade».

 

Mónica Sofia Lopes