A lista liderada por Márcio Freixo venceu as eleições na Associação do Carnaval da Bairrada para o triénio 2025/2028. Num universo de 141 votantes, o eleito arrecadou 64 votos contra os 57 da lista liderada por Victor Ferreira. Houve ainda vinte votos em branco. A sessão ficou marcada pela vontade manifestada – mesmo que não tenha sido votada – que os sócios têm de que a parte financeira da associação passe para a gestão da Autarquia da Mealhada e que seja feita uma auditoria às contas dos últimos dez anos.
A sessão começou com as leituras das cartas de demissão de diversos elementos dos órgãos sociais da ACB, vigentes antes da eleição da noite da passada segunda-feira, e que terão levado a que o novo ato eleitoral acontecesse: Márcio Freixo, tesoureiro; Ana Mafalda Novais, vice-presidente da direção; Licínio Antunes, presidente do conselho fiscal; e Ricardo Ferreira, elemento da direção. Na sessão foi ainda lido o Direito de Resposta que Victor Ferreira remeteu aos jornais depois das notícias vindas a público onde o tesoureiro da anterior direção, agora eleito presidente, colocou a público lacunas de teor financeiro na gestão da dita associação com reparos ao presidente e a exigência da devolução de 500 euros alegadamente «em proveito próprio (do presidente)».
Victor Ferreira justificou que «as despesas foram realizadas no âmbito das atividades da ACB, nomeadamente, em combustível utilizado em deslocações ao serviço da associação», mas que apesar de considerar a acusação infundada, procedeu «a um depósito preventivo de 500 euros». Facto que Márcio Freixo contestou na última assembleia, alegando que «desses valores não há fatura», afirmando que «em contabilidade organizada isso tem sempre de acontecer».
Num debate de ideias, bastante aceso, entre os sócios e os dois candidatos, foi ainda falado do Festival de Samba, que aconteceu em meados de setembro, e que terá levado à rutura entre membros da anterior direção, por entendimentos diferentes do modo de trabalho definido durante o evento. O mais focado foi o facto de terem vindo professores de escolas de samba do Brasil, por um custo superior a três mil euros, e que «como não foi feita a devida publicidade, obteve um número residual de inscritos». «Os próprios dirigentes das escolas de samba, quando questionados, admitiram que não viam necessidade da presença desses professores e que seria um mau investimento», disse Márcio Freixo.
Houve também sócios que questionaram o facto «de o cartão de multibanco andar “perdido” e não estar na posse do tesoureiro» e «como é que só passados seis meses, e depois das contas aprovadas em assembleia geral (em junho passado), é que se fala nisto». «Para mim é ser conivente com o que se estava a passar», lamentou um sócio. Márcio Freixo justificou ter tido «confiança» no presidente da direção, garantindo que estranhou quando viu «três movimentos seguidos», que não entendeu.
Já depois da eleição, que deu a vitória à lista liderada por Márcio Freixo, Patrícia Pinto, presidente da direção da escola Amigos da Tijuca, sugeriu que «a ACB proponha à Autarquia que a gestão financeira da associação passe para a Câmara. Deveríamos seguir o exemplo de Estarreja». Carla Carvalheira, eleita agora presidente da mesa da assembleia-geral, afirmou que «as Câmaras da Mealhada e da Estarreja já tiveram um primeiro contacto para perceber o que se faz lá e como se faz. A intenção é que tudo aquilo que sejam contas não passe pela a ACB».
Houve ainda um sócio que declarou ser importante «fazer-se uma auditoria às contas do Carnaval nos últimos dez anos», uma medida, aliás, que Victor Ferreira, o anterior presidente da direção, admitiu acontecer caso fosse eleito.
Mónica Sofia Lopes