Liam Gabriel nasceu ao início da manhã de ontem, segunda-feira, 4 de agosto. Até aqui nada de estranho, não fosse ter nascido pelas mãos de dois bombeiros da corporação da Mealhada que prestaram assistência ao parto junto à casa da avó do recém-nascido, com a ambulância estacionada no largo da Capela do Travasso, na freguesia da Vacariça.
Foi um início de manhã diferente para os Bombeiros Voluntários da Mealhada. «Em simultâneo, cerca das 5h50, fomos acionados para duas situações que envolviam mulheres grávidas. Se no caso do da Pedrulha, os operacionais seguiram para a maternidade, já na situação do Travasso foi o tempo de retirar a mãe de casa, entrar na ambulância e do bebé, do sexo masculino, nascer», contou, ao nosso jornal, Nuno João, comandante dos Bombeiros da Mealhada.
Carla Gaspar, bombeira de 1.ª Classe, e Cláudio Matos, bombeiro de 3.ª, estavam, ontem, muito satisfeitos «por tudo ter corrido bem», na estreia, para ambos, do que foi, literalmente, ajudar ao nascimento de um bebé. «Fomos acionados para uma situação que envolvia uma jovem, de 21 anos, com 39 semanas de gestação, que estaria em trabalho de parto supostamente já com o saco amniótico rompido, o que só veio a acontecer à nossa chegada», começou por contar Carla Gaspar, explicando que a mulher «estava nem casa da mãe, onde passou antes de seguir para a maternidade, com o pai do bebé, no primeiro andar da habitação. Ali a jovem já não se conseguia sentar e teve que ter a nossa ajuda para descer as escadas. Entre isto e deita-la na maca da ambulância, já com uma hemorragia de trabalho de parto, vi logo a cabeça do bebé. A parturiente ainda fez força para aguentar, mas já não havia tempo. Coloquei as luvas, segurei a cabeça do bebé e depois o corpo. Campleamos o cordão umbilical e o pai cortou-o», desvenda Carla Gaspar, bombeira há 22 anos, mas que pela primeira vez prestou assistência ao nascimento de um bebé.
Para esta operacional, que naquela noite até estava na equipa de prevenção de combate a incêndios, «apesar das formações que se tem para estas situações, nada explica a verdadeira sensação de poder ter um bebé nas mãos desta maneira. Estava ao telefone com a enfermeira do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) que ia orientando, mas há sempre aquele medo da responsabilidade», «Foi muito especial, correu tudo super bem e sem dúvida que foi a minha “saída” mais gratificante», congratula, sobre uma situação que «raramente acontece na corporação, uma vez que estão muito próximos da maternidade. Levamos muitas grávidas, mas é dificil que o bebé nasça na viatura, dada a proximidade a Coimbra».
Cláudio Martins, de 26 anos e bombeiro desde os 18, explica que não ia a contar «com este desfecho». «Não posso negar o medo inicial e nem mesmo a felicidade que senti quando o bebé chorou e vimos que estava tudo bem. Foi um momento muito diferente do habitual», confessou.
A jovem mãe seguiu, na ABSC 07 – Ambulância de Socorro da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Mealhada, para a maternidade de Coimbra, acompanhada pelos dois bombeiros e pelo médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação que também foi acionado para o local.
Mónica Sofia Lopes


























