O apagão – de energia e consequentemente de telecomunicações a chegar quase às 12 horas consecutivas em alguns municípios – que assolou Portugal, Espanha e o sul de França deu que fazer às entidades nacionais de socorro, durante todo o dia. No concelho da Mealhada, apesar de algumas solicitações mais atípicas face ao que estava a acontecer, as corporações dos Bombeiros da Mealhada e da Pampilhosa tiveram poucas ocorrências, tendo estado sempre operacionais. Se por um lado a falha de energia foi combatida por geradores que ambos os quartéis possuem, por outro, no caso concreto da corporação da Mealhada as telecomunicações dificilmente falhariam, uma vez que a associação investiu num sistema por satélite, que permite ter «voz e dados, mesmo quando a rede móvel falha».

Passava pouco das 11h30 desta segunda-feira, dia 28 de abril, quando o país ficou sem energia. «Entre ocorrências e emergências tivemos cerca de dez solicitações», declarou João Pedro Marques, comandante dos Bombeiros da Pampilhosa, enumerando algumas solicitações que tiveram durante o dia: «Estivemos no lar a levantar camas, uma vez são elétricas; na garagem de um prédio, que está numa zona muito baixa com bastante água e que tem sempre um gerador a retirá-la, tivemos de ser nós a fazer esse trabalho; e ainda uma situação de um portão elétrico de uma habitação em Santa Luzia em que a senhora não conseguia entrar em casa».

O comandante explica que o quartel esteve sempre com energia, por estar munido de gerador, tendo dado apoio a algumas solicitações de carregamento que iam sendo solicitadas. «Tivemos aqui um senhor a carregar uma bateria para um pequeno engenho que tem na cama para levantar a esposa que está acamada», contou, garantindo que «o telefone fixo e o SIRESP (rede de emergência e de segurança nacional) funcionaram sempre» e que a rede móvel «praticamente também». A única coisa que detetamos, por não recebermos nenhuma comunicação, foi um canal do SIRESP alocado ao INEM, que julgamos nem sempre ter funcionado nas melhores condições».

Para João Pedro Marques, apesar de não ter faltado combustível, «a questão do gasóleo deve ser acautelada para que uma reserva fique sempre disponível para as entidades da proteção civil. A diretiva do conselho de ministros já saiu tarde».

Para a corporação da Mealhada «o dia foi relativamente calmo». «Tivemos uma situação de uma pessoa que ficou presa no elevador na Quinta da Nora e que fez o pedido de ajuda por telemóvel», declarou Nuno João, comandante dos Bombeiros da Mealhada, avançando que «também houve alguns pedidos para que deixássemos aqui carregar os seus telemóveis, principalmente de pessoas que têm familiares doentes e estavam mais preocupadas».

Um apoio que o quartel conseguiu disponibilizar, uma vez que tem um gerador. «Mesmo quando faltou a água na Mealhada, nós tivemos sempre porque possuímos uma bomba que puxa a água do furo». Para além disso, o quartel da corporação mealhadense «tem uma redundância de comunicações também por satélite, que nos permite ter voz e dados, mesmo quando a rede móvel falha. Isto permite-nos ter comunicação direta com os centros de emergência e outros corpos de bombeiros que tenham o mesmo sistema». «Foi um investimento dispendioso, cujo serviço é pago mensalmente, mas que permite e permitiu, no caso concreto de ontem, que o quartel da Mealhada tenha sido totalmente autossuficiente. Conseguimos apoiar a comunidade e o facto de o quartel estar totalmente operacional, transmite segurança, que é efetivamente o que se pretende em situações preocupantes como aquela que vivemos», referiu ainda Nuno João.

 

Mónica Sofia Lopes