Uma empresa de economia circular têxtil passou um dia na Mealhada, onde falou para miúdos e graúdos, para explicar as mais valias de se colocar as roupas em contentor próprio em detrimento do lixo comum, com muitos malefícios para o meio ambiente. «A tua roupa ainda tem pano para mangas» passou pelo Centro Escolar da Mealhada, no âmbito do programa Eco escolas, e pelo Centro de Interpretação Ambiental.
Paulo Marques, da Wippytex, começou por distinguir os produtos, que dão origem aos materiais para a roupa, como naturais, artificiais e reciclados. «Da Natureza podemos retirar fios das ovelhas, alpacas, lhamas, cabra-da-caxemira e das plantas do algodão, do linho, sisal e juta (esta última serve para fazer sacos de serapilheira)», enumerou o técnico da empresa, exemplificando que «o bichinho da seda segrega uma saliva que dá origem a um casulo. De cada “casa” destas, conseguimos tirar mil metros de fio, com a ajuda de um recurso muito importante que é a água que, no nosso caso, é sempre reutilizada na nossa ETAR».
No que toca aos produtos artificiais, Paulo Marques falou, para alunos entusiasmados de uma turma do segundo ano, que o plástico é feito de petróleo e que «quando se lê que um casaco é de poliéster significa que é precisamente feito de petróleo».
Mas foi a explicação da roupa reciclada que animou os mais novos, com recurso a um vídeo onde a personagem principal era o «Wippy» – que significa «trapito» -, a mascote da empresa patente nos contentores de cor azul, que, por exemplo, na cidade da Mealhada, estão situados na Avenida 25 de Abril e junto ao Intermarché. Ao nosso jornal, Paulo Marques explica que «a história insiste na mensagem de que a roupa não deve ser colocada no lixo e no chão, pois isso significa ir para aterros ou até para o mar, com custos ambientais muito grandes».
«O vestuário quando é para deitar fora deve ir para o “Wippy” para fazermos roupa nova. Fazemos recolha 24 horas por dia, com rotas definidas que, normalmente, passam em cada contentor com um espaçamento de uma ou duas semanas», continua o representante da marca, afirmando que «95% da roupa vai para “a casa mãe” em Espanha e os outros 5% são vendidos».
Na «casa mãe» a roupa é classificada e pode dar origem a diversas peças, como trapos, forras para carros e volantes, colchões, cadeiras, etc. «Temos uma máquina com um quilómetro que tritura a roupa, dando origem a fibra para diversas coisas. O que sobra – vários tipos de resíduos – vai para valorização energética, convertendo-se em material combustível, por exemplo, para os fornos de uma fábrica de cimento», concluiu Paulo Marques, garantindo «serem a única empresa certificada em Portugal». «Só com este cuidado podemos preservar o ambiente», rematou.
As duas sessões para crianças do Centro Escolar da Mealhada, estenderam-se à comunidade no Centro de Interpretação Ambiental.
Mónica Sofia Lopes