O 1.º Encontro Nacional de Compostagem aconteceu na Mealhada e reuniu 35 municípios do país, mas também o de Pontevedra, na Galiza, em Espanha. A iniciativa contou com uma centena de participantes. O objetivo primordial foi o de apontar «argumentos, práticas e estratégias para esta questão, que vai reduzindo o envio de resíduos urbanos para aterro e valorizando os biorresíduos para aproveitamento na agricultura, através da compostagem, diminuindo, assim, a pegada ecológica associada ao lixo urbano». A Mealhada, concelho anfitrião do evento, «apresentou os resultados do projeto CompostaMe, que no último ano direcionou para a agricultura 22 toneladas de resíduos que anteriormente iam para aterros».
Na abertura deste evento nacional, organizado pelo Município da Mealhada, pela empresa Ecogestus e pela Associação Revolução das Minhocas, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, enalteceu a iniciativa, começando por dizer que faz compostagem «há muitos anos, sem técnica nenhuma, mas o que é certo é que funciona até hoje». «Coloco quase tudo ali, até os papéis que saem do multibanco e tudo se transforma. Neste momento, já como fruta de árvores, por exemplo macieira ou damasqueiro, que nasceram da compostagem. Divirto-me a fazer compostagem e não o faço por sacrifício», declarou o autarca, alertando para o facto «do dinheiro que se poupa, porque grande parte das empresas que recebem o lixo, metem-no debaixo da terra». «Se não formos nós a ficar com o lixo que produzimos e a transformá-lo, estamos a deitar milhares de euros para debaixo da terra», enfatizou, admitindo que, no seu caso pessoal, «durante um ano deve apenas fazer uns cinco quilos de lixo. Não mais do que isto porque faço separação de tudo».
No caso concreto do concelho da Mealhada, em 2023, «quando o projeto foi iniciado, foram instaladas doze ilhas de compostagem comunitária e distribuídos 250 compostores domésticos e mil baldes residenciais», avança, em comunicado, a Autarquia, que acrescenta que «ao longo do ano, foram retirados vários metros cúbicos de composto de alta qualidade nas ilhas de compostagem situadas em várias localidades. O projeto adquiriu recentemente mais 150 compostores e vai instalar seis novas ilhas de compostagem em diferentes locais, como Várzeas e Vimieira». No concelho há treze compostores domésticos por cada mil habitantes e o composto final fica nas hortas do município.
Para Daniel Morais, do Centro de Interpretação Ambiental da Mealhada, muito do sucesso do CompostaMe prende-se com «o envolvimento dos jovens, que foram os embaixadores da compostagem na Mealhada e vestiram bem “a camisola”». Para além disso, «temos também uma carrinha fofinha, bonita e apresentável, o que também tem a sua influência. A compostagem é um processo limpo, não é sujo».
A «vigia» às ilhas de compostagem é uma constante. «Fazemos limpeza e manutenção, mas também o controlo de humidade através da rega do composto», explica Daniel Morais, acrescentando que são dadas dicas, mas «os jovens têm total autonomia neste trabalho». Com o apoio de alguns funcionários autárquicos, o técnico destacou também a inclusão que existe neste projeto, uma vez que um dos monitores das ilhas é recluso no Estabelecimento Prisional de Coimbra, mas que trabalha no Município diariamente.
Depois de uma manhã teórica, onde se discutiu vários exemplos adjacentes ao tema, o encontrou terminou com a visita técnica a dois compostores instalados na Mealhada.
Mónica Sofia Lopes