O relatório e contas 2023/2024 da Associação do Carnaval da Bairrada chegou ao executivo camarário na Mealhada, para conhecimento, tendo a oposição socialista pedido esclarecimento de algumas rubricas do documento, lamentando a falta do balancete analítico e demonstração de resultados por natureza. Rui Marqueiro chegou mesmo a sugerir uma auditoria às contas, algo que a vice-presidente da Autarquia afirmou «dizer respeito aos sócios da associação». Já o presidente do Município garantiu que, no que toca ao subsídio público, «todo o valor que saiu, foi feito com total legalidade e mediante documentos apresentados».
«Tenho comigo um pequeno estudo, feito por um cidadão que conhece o Carnaval melhor do que eu, e que apresenta um resultado negativo em cerca de 19 mil euros. Tendo em conta que estas contas foram postas em causa por um jornal local, sugeria que alguém com competência possa dar garantia que tudo foi bem feito», referiu o socialista Rui Marqueiro, acrescentando ainda: «Somos cofinanciadores do Carnaval e, por isso, gostaria de ver a Câmara aprovar uma auditoria às contas do Carnaval de 2023 e 2024, para que assim possamos ficar de consciência tranquila». «Trata-se de restaurar a credibilidade pública ao Carnaval», sublinhou.
Em resposta, António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, começa por questionar retoricamente se está em causa o trabalho do técnico oficial de contas, garantindo que «todo o dinheiro transferido da Câmara para a Associação, foi feito com toda a legalidade e documentos apresentados». «Não conheço este técnico oficial de contas, mas dá garantias de saldo positivo», continuou o autarca, afirmando que «houve muito ruído», mas defendendo que se tem que «avançar tendo por base as contas que nos são apresentadas».
Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, corroborou: «Se é preciso ou não auditoria e quanto à gestão da ACB, isso diz respeito aos sócios. Quando a Câmara da Mealhada pediu auditoria, há uns anos, foi por estarem em causa dinheiros públicos. Foi precisamente a partir daí que se criou a regra: “não sai dinheiro sem entrega de documentos válidos”». «O que temos de fazer é dar força e credibilizar o Carnaval, um evento que gera dinâmica e envolve centenas de famílias, sendo um pilar de equilíbrio na nossa comunidade», enalteceu.
Palavras corroboradas por José Calhoa, vereador eleito pelo PS, que defendeu que «o Carnaval é um produto turístico, cujo seu maior lucro é o emocional».
Da mesma bancada, Sónia Leite começou por pedir o balancete analítico e demonstração dos resultados por natureza – que o presidente ficou de pedir e enviar -, solicitando também o valor das bancadas, carros, limpeza e uma instalação sanitária extra. António Jorge Franco recordou o protocolo com a ACB e as quatro escolas de samba, que foi levado ao executivo em reunião, relembrando que «foi retirado um valor dos carros alegóricos de cerca de quatro mil euros da ACB diretamente para as escolas, para melhor gestão de cada uma. Foi também retirado o valor das bancadas, da limpeza, esta última feita pelos nossos funcionários, e dos sanitários».
Já sobre o mapa de bilheteiras, Sónia Leite lamentou que tenham chegado à reunião documentos mal elaborados, exemplificando com o facto de a soma das mesmas não bater certo com o mapa dos proveitos, no corso de terça-feira, gerando uma diferença de mais de mil bilhetes. «Há aqui um erro infantil de milhares de euros e tenho pena que isto tenha sido votado, assim, em assembleia», rematou.
Mónica Sofia Lopes