“Um artista deve conquistar primeiro o seu território”. É este o apelo do músico PAMA que anseia que, na noite do próximo dia 4 de Maio, o Cineteatro Messias se encha de público para um concerto com “surpresas”. O espaço, onde sonha terminar a carreira daqui a umas dezenas de anos, foi o palco perfeito para a entrevista com o «Bairrada Informação».

Barbeiro de profissão, “a outra vida profissional”, Paulo Andrade, de trinta e seis anos, residente na Mealhada, está ligado à música desde 1993. Foi na viola de arco, no Colégio de Calvão, uma escola onde todos os alunos “faziam parte de grupos de música”, que o jovem teve o primeiro contacto com esta arte. Seguiu-se o órgão, a guitarra, a bateria e depois percussão. “Agora, é voz e guitarra e tenta-se fazer o máximo possível”, declarou

Paulo Andrade, recordando que foi na Escola Profissional de Vagos o primeiro contacto com o público, nas Escolíadas. “Estávamos em 2002/2003, a escola participou pela primeira vez e ganhámos o prémio de melhor música com a pontuação mais alta”, explica o músico, que não esconde o orgulho de ter sido um tema composto por si. “Em Calvão, quando aprendi vários instrumentos, houve tempo para a aprendizagem de composição, que depois coloquei em prática neste tema sobre o mar levado às Escolíadas,…”, acrescentou, referindo-se ainda ao feito que a escola conquistou quatro anos seguidos, sempre com temas da sua composição.

Terminado o percurso escolar, Paulo experiencia profissões ligadas à construção e restauração, não deixando de lado, em momento algum, a música. “Toquei sempre em bares e festas na região de Vagos”, contou-nos ainda o músico, que integrou também um projeto musical, na referida região, com mais colegas.

“É em 2013/2014, que surge o PAMA”, continua Paulo Andrade, na altura trabalhador de uma empresa de produtos de limpeza e higiene, onde em 2015 aceita ir três meses para Angola e assim conseguir dinheiro para custear o seu primeiro álbum, o “First”. “Um álbum com músicas compostas há muitos anos, que passou pela Home Studio e foi produzido por Nuno Fontes”, adianta o artista, defensor “da criação” personalizada. “Não queria que a minha música fosse só tocar covers e isso levou-me até Angola para conseguir dinheiro e assim realizar um sonho”, acrescentou sobre o álbum, muitas vezes tocado em festas, bares e até no palco do AgitÁgueda.

Paulo nasceu na Venezuela, viveu muitos anos em Vagos, mas foi na Mealhada que encontrou o “amor” e decidiu criar a sua barbearia Manuel d’Oliveira, no centro da cidade. Um local que o conquistou e foi, por isso, fácil na hora decidir o sítio para a gravação do videoclipe do segundo álbum (homónimo conceptual): o Cineteatro Messias. É, nesta altura, que surge o convite para o concerto no palco principal da Festame – Feira do Município da Mealhada – em 2018. “Foi fenomenal! Tenho um vício grande de pedir palmas às pessoas quando estou em palco, mas na Festame não foi preciso pedir nada. Foi mágico!”, confessou.

Da Festame para um concerto no Cineteatro Messias o passo foi curto e levará o músico, a 4 de Maio, pelas 21h 30m, a subir ao palco da sala de espetáculos da Mealhada para um concerto de hora e meia. O custo de cada entrada é de cinco euros, mas tem um destacável que dará direito a uma bebida grátis no Bar 21, em Enxofães (os bilhetes estão à venda na Barbearia Manuel d’Oliveira). “Será um concerto com músicas do primeiro e segundo álbuns, original e muito íntimo”, afiança.

No final da entrevista, PAMA apela ao público o apoio a “quem é de cá”, até porque, afirma: “O artista deve conquistar primeiro o seu território. Boa música não faltará!”.

Mónica Sofia Lopes