O relatório de gestão anual da Associação de Carnaval da Bairrada, de maio de 2017 a maio de 2018, teve um resultado líquido negativo no valor de 23.700 euros. O documento apresentado aos sócios e aprovado por maioria, na noite da passada quinta-feira, demonstra uma diminuição de custos em grande parte das rubricas, contudo a receita da bilheteira dos desfiles do Carnaval da Mealhada, realizados este ano (um deles noturno para colmatar o cancelamento do corso de domingo), foi mais baixa em cerca de vinte mil euros, quando comparada com a do evento em 2017.

Dos proveitos obtidos, durante um ano, a ACB destaca os sessenta mil euros do subsídio camarário e 9.713 euros provenientes da Tenda noturna (um decréscimo de três mil euros em relação ao ano anterior, tendo as entradas sido gratuitas em 2018). Destaca-se ainda o dobro do valor em donativos (na maioria empresas), que passou de nove para dezoito mil euros, mas há uma descida maior nas receitas de bilheteira dos corsos.

Com o cancelamento do desfile domingo, devido ao mau tempo, o evento não obteve qualquer lucro nesse dia, tendo tido, contudo, na noite de segunda-feira, depois de a organização ter decidido realizar “em cima da hora” um desfile noturno. Mas essa noite resultou em 17.370 euros, valor muito aquém dos quase quarenta e um mil euros atingido no corso de domingo em 2017.

Em relação ao desfile de terça-feira, mesmo com alguma chuva, saiu à rua e resultou numa receita de 25.765 euros, superior à de 2017 que não chegou aos 19.500 euros. E Alexandre Oliveira, presidente da direção, não tem dúvidas “de que para haver um bom Carnaval só é preciso que não chova”.

De uma maneira geral, todas as rubricas na despesa tiveram valores mais baixos, com incidência relevante, por exemplo, para os gastos referentes à sede (visto que no ano anterior houve obras e neste não), no trabalho de feitura dos carros alegóricos, nos reis do Carnaval, na Tenda noturna e na publicidade e material de promoção.

Houve ainda espaço para o aumento de algumas rubricas, como foi o caso do Festival de Samba em 2017 (onde, e segundo a direção, a autarquia exige, por exemplo, instalações sanitárias), nos grupos apeados dos corsos e na segurança dos desfiles que, este ano, contou com pagamento extra para o desfile noturno, bem como para a Guarda Nacional Republicana. Também o som e as instalações elétricas da Tenda sofreram uma subida, justificada pelo aumento do número de bandas que atuaram.

O relatório da ACB totaliza assim proveitos de 138.451 euros e gastos de 162.233 euros, o que, conta feitas em todo o balancete de 2017 / 2018, representa que no passado dia 1 de junho, a instituição obtivesse um resultado líquido negativo de 23.782 euros.

Valor que levou três elementos da direção a contraírem, a título pessoal, um empréstimo bancário de quinze mil euros. “Temos este valor negativo, mas os fornecedores estão todos pagos”, referiu o dirigente, garantindo que a primeira tranche que receberem “seja ela qual for”, será canalizada para este empréstimo.

Apesar de preocupado, por motivos financeiros, com o planeamento do próximo Carnaval, Alexandre Oliveira mostra-se “descansado”, pois garante que, “por uma questão protocolar entre a Câmara e a ACB, e uma vez que por condições adversas o corso de domingo não saiu”, a direção conta que seja acionada a cláusula dos vinte e quatro mil euros prevista nestas situações. “No ano passado não nos deram porque, apesar do mau tempo, tivemos receita de bilheteira, mas, este ano, não desfilámos e o protocolo é muito específico em relação a estas situações nos corsos de domingo e terça-feira”, alegou, garantindo que o próximo passo é o de proceder a esse pedido junto do Município.

 

Mónica Sofia Lopes