A informação não é nova, mas voltou a ser, na passada segunda-feira (dia 27 de agosto), realçada por Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, aquando da reunião ordinária da autarquia: o município mealhadense quer mesmo ficar com 100% da quota da Escola Profissional Vasconcellos Lebre. O assunto foi desencadeado no ponto de apresentação do “relatório de contas da EPVL”, tendo a oposição voltado a focar o “perdão da dívida” que a Câmara aprovou à escola, em abril deste ano, referente às rendas mensais cobradas pelo Município.

Já antes do ponto que analisou o “relatório de contas da EPVL”, Hugo Silva, da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, quis saber em que “estado” estava o “perdão da dívida” à escola. E isto porque, segundo o vereador da oposição, “se não houvesse o perdão das rendas, de fevereiro de 2016 a fevereiro de 2018, a escola tinha tido um resultado financeiro altamente negativo, superior a oitenta mil euros”.

Mas Rui Marqueiro voltou a enfatizar, o que já tinha, aliás, referido na Assembleia Municipal do passado mês de abril: “Eu não sei quem é que deve a quem”, referindo-se ao facto de a Câmara, em 2005, ter começado a cobrar uma renda mensal à EPVL no valor de sete mil e quinhentos euros, por ser a proprietária dos edifícios. Um valor reduzido para metade, quando Rui Marqueiro chegou à Câmara em outubro de 2013.

A funcionar desde setembro de 1999, as instalações da Escola Vasconcellos Lebre foram “sofrendo” intervenções ao longo dos anos. “Quem cobra rendas é também quem faz investimentos e, neste caso, a escola pagava uma renda à Câmara e ainda custeou todas as intervenções realizadas”, referiu Rui Marqueiro, na referida sessão, adiantando ainda que “houve um alargamento do edifício para os setores de mecânica, eletrónica e informática” e que, por isso, “quando se fizerem bem as contas, vamos ver quem deve dinheiro a quem!”.

Na altura, o edil disse ainda que “em breve” estariam disponíveis “documentos” que fariam “analisar a situação de outra forma e colocar as coisas como elas são”.

E, na passada reunião de Câmara, destacou o indicador financeiro EBITDA que aponta para a “sustentabilidade da escola, no caso das candidaturas, aos fundos comunitários, serem sempre bem feitas”. “Sabemos que as escolas que dependem disto andam sempre em sufoco financeiro”, lamentou, garantindo, contudo, que, em extrema necessidade, “o orçamento municipal comporta as despesas anuais da escola”.

E é por isso que Rui Marqueiro defende que o melhor para a EPVL “será a Câmara adquirir os cem por cento do capital da escola”, que agora é constituída por uma sociedade, onde vinte por cento da quota é da Associação Recreativa de Ventosa do Bairro e do Jardim de Infância Dr.ª Odete Isabel (Barcouço); 44,1% da Câmara; e 35,9% da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Bairrada e Aguieira.

“Tornar-se-ia uma sociedade unipessoal e haveria consolidação das contas com a Câmara”, explicou o edil, adiantando também que “a entidade bancária pretende ser remunerada pela sua participação”, não estando o autarca “de acordo com isso”.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia de Arquivo