Depois da Delegação no concelho da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa e da Papelaria e Diversos N&G, é agora a vez do estabelecimento comercial “Foto Nogueira” assegurar os serviços de CTT na freguesia da Pampilhosa. Uma rotatividade explicada pelo facto de que quem assume não conseguir fazer face às despesas do serviço e que já levou Rui Marqueiro, presidente da Câmara, a manifestar o seu desagrado em carta enviada ao conselho de administração dos Correios de Portugal, bem como a apresentar uma queixa à ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações).

Depois dos Correios de Portugal terem encerrado o seu Posto na vila da Pampilhosa, foi a Delegação no concelho da Mealhada da Cruz Vermelha Portuguesa a assegurar, desde junho de 2013, o que na altura designaram de “um autêntico trabalho social”. Um serviço, que acarretou muitas despesas à instituição, nomeadamente com a contratação de uma funcionária, e que levou a que, em dezembro de 2016, tivesse até havido um pedido de apoio à Câmara da Mealhada que não foi concedido, por se tratar de uma empresa privada.

“Com um prejuízo mensal de cerca de trezentos e setenta e cinco euros”, e após quatro anos e meio, a Cruz Vermelha não conseguiu continuar a prestar o serviço à população, tendo ficado assegurado, desde Janeiro deste ano até ao início do corrente mês de agosto, pela Papelaria e Diversos N&G, situada também no centro da vila da Pampilhosa.

Aquando da mudança, Fernanda Duarte, proprietária do estabelecimento, garantiu, ao «Bairrada Informação», ter-se apercebido que os CTT iam encerrar e achar ser este um serviço pertinente “tanto para a papelaria como para a população”. Hoje, volvidos, oito meses, diz-nos que o máximo de valor ganho, mensalmente, foi de duzentos e vinte euros. “Foi em maio, quando as pessoas vieram pagar o IMI, mas se tivermos em conta que todos os meses pago de luz cerca de noventa euros, é só fazer as contas”, explicou-nos Fernanda Duarte, que recebia, mensalmente, “uma comissão por cada atendimento nos Correios, mediante o serviço pretendido”.

“Houve um mês em que apenas ganhei cento e sessenta e dois euros e este valor não bate certo com que o que me foi prometido pelos CTT que estimaram uma verba mensal a rondar os quatrocentos euros”, acrescentou Fernanda Duarte, explicando ainda que há a obrigação de que as máquinas estejam sempre ligadas. “E isso traz custos elevados de luz”, referiu.

Ontem, 27 de agosto, o tema foi levado à reunião camarária por Sónia Branquinho, da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, que lamentou que não seja “a Junta de Freguesia da Pampilhosa a manter este serviço”, como acontece, por exemplo, em Barcouço. “Um funcionário que prestasse também serviço na Junta ou no Espaço do Cidadão”, declarou a vereadora, lamentando que “o assunto não tenha dado lugar a uma assembleia extraordinária”.

Mas contactada pelo nosso jornal, Rosalina Nogueira, presidente da Junta, explicou que “após a decisão da Cruz Vermelha de não assegurar mais o Posto de Correios, houve entidades a demonstrarem vontade de ficar com esse serviço, como foi o caso da papelaria”. “Quando, há pouco tempo, fui contactada pelos CTT a perguntar se a Junta queria o serviço, sugeri que contactassem os outros espaços comerciais que estavam interessados na altura em que a papelaria também quis. A lógica é a de que se dinamize o comércio local, através de um serviço, que devia ser público e não o é”, explicou a autarca, garantindo, contudo, que “em última instância e se, em determinada altura, nenhum privado quiser este serviço, a Junta irá assegurá-lo e não deixará que a Pampilhosa fique sem correios”.

 

Mónica Sofia Lopes