Artigo de Fátima Cruz, especialista na área de ESMO na USF Caminhos do Cértoma / ULS de Coimbra, e Leonor Almeida, estudante do 4º Ano do Curso de Licenciatura de Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

Imagem retirada a 06 de maio de 2024 de “O primeiro sintoma de cancro da bexiga que nunca deve desvalorizar” em https://www.noticiasaominuto.com/lifestyle/2398671/o-primeiro-sintoma-de-cancro-da-bexiga-que-nunca-deve-desvalorizar

 

O mês de maio é o mês destinado à sensibilização do cancro vesical, mais conhecido como o cancro da bexiga. Atualmente, sabe-se que é o 5º cancro mais frequente nos homens e nas mulheres o 17º e, em 2020, em Portugal foi o 4º cancro mais frequente, em que 70% das pessoas tinham idade superior a 65 anos (IPO-Porto, 2023).

Este tipo de doença oncológica é muitas vezes desvalorizada pelo tipo de sinais e sintomas que apresenta, como sangue na urina, vontade e dor em urinar constante ou não conseguir urinar quando necessita (Powles et al., 2022).

Sendo então fundamental uma melhor compreensão desta doença por parte da população, iniciemos pela explicação da bexiga. A bexiga é um órgão oco na zona inferior do abdómen que tem como principal função o armazenamento de urina, contudo, por vezes, existe um crescimento anormal de células que provoca cancro neste órgão. Tendo uma elevada incidência e mortalidade é crucial conseguir reconhecer os fatores de risco, os sinais e sintomas, os tratamentos disponíveis e o mais importante como prevenir (Powles et al., 2022).

A nível de fatores de risco existem aqueles que não são modificáveis como ter idade superior a 40 anos, ser caucasiano, homem e ter historial próprio ou familiar de cancro da bexiga anterior. Todavia, o tabagismo, a obesidade, ser trabalhador da indústria da borracha, química e das peles, ser cabeleireiro, maquinista, operário metalúrgico, tipógrafo, pintor, trabalhador de têxteis e camionista, são atitudes ou profissões que apesar de difíceis, podem ser alterados ao longo da vida (LPCC, n.d.).

Deste modo, para prevenir, praticar exercício físico diário; ter uma alimentação equilibrada e saudável, rica em legumes e vegetais; se possível diminuir os agentes químicos, físicos e biológicos mencionados; não fumar e realizar exames periódicos de vigilância são estratégias que devem ser implementadas no dia-a-dia para diminuir a probabilidade de desenvolver cancro da bexiga (DGS, 2022).

Os exames que podem ser realizados consistem no exame físico em que o profissional de saúde faz a palpação da zona do abdómen e pode pedir para efetuar exame retal ou vaginal, pode requerer análises à urina, para conseguir perceber se existem sinais da doença presentes na urina. A nível de exames, o pielograma intravenoso consiste na injeção de um contraste pela veia que ao juntar-se com a urina, torna a bexiga visível a raio x (Mehta & Annamaraju, 2023) e a cistoscopia é a inserção de um tubo fino, com anestesia local (ou geral caso necessário) que analisa o revestimento da urina, colhendo amostras que são posteriormente analisadas em laboratório (BCAN, 2022).

Quando o cancro da bexiga surge, o tipo de tratamento vai variar consoante o tipo de cancro que é, e por isso, é importante que saiba que todas as pessoas têm o direito de estar informadas acerca da sua doença e de pedir uma segunda opinião. Para facilitar a discussão do tratamento pode ter consigo uma pessoa e escrever questões antes de realizar a consulta referentes ao tipo, grau e estádio do cancro; que opções de tratamento existem e quais são os riscos, benefícios e efeitos secundários; e como é que o tratamento irá afetar a suas atividades normais do quotidiano (LPCC, n.d.).

Concluindo, o cancro da bexiga é um tipo de doença oncológica que deve ser prevenido. Para além da prevenção, conhecimento sobre os sinais e sintomas e possíveis vias de tratamento é crucial para manter o nosso estado de saúde.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BCAN. (2022). Get the Facts Cystoscopy. Bladder Cancer Advocacy Netwok. https://doi.org/10.4324/9781315230146-8 

DGS. (2022). Plano Nacional de Luta Contra O Cancro de 2021-2030. Em Ministério da Saúde. https://www.dgs.pt/documentos-em-discussao-publica/estrategia-nacional-de-luta-contra-o-cancro-2021-2030-entra-em-consulta-publica-pdf.aspx 

IPO-Porto. (2023). Registo Oncológico Nacional de Todos os Tumores na População Residente em Portugal, em 2020. https://ron.min-saude.pt/media/2223/ron-2020.pdf

LPCC. (n.d.). Cancro da bexiga. Liga Portuguesa Contra o Cancro. Recuperado a 6 de maio, 2024, de https://www.ligacontracancro.pt/cancro-da-bexiga/ 

Mehta, S., & Annamaraju, P. (2023). Intravenous Pyelogram. StatPearls. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK559034/

Minuto, N. ao. (2023, setembro 13). O primeiro sintoma de cancro da bexiga que nunca deve desvalorizar. Notícias ao Minuto. https://www.noticiasaominuto.com/lifestyle/2398671/o-primeiro-sintoma-de-cancro-da-bexiga-que-nunca-deve-desvalorizar

Powles, T., Jexdic, S., Morghenti, D., Arjona, E., & Filicevas, A. (2022). What is Bladder Cancer ? European Society for Medical Oncology. https://www.esmo.org/content/download/6593/114959/file/EN-Breast-Cancer-Guide-for-Patients.pdf