A atualização e reforço de recursos financeiros para 2025, em 4%, para as freguesias do concelho da Mealhada foi aprovada, por maioria, na Assembleia Municipal, depois de aprovada também em reunião do executivo com a abstenção do vereador da oposição José Calhoa. Dois presidentes de Junta lamentaram «a falta de negociação» e Claudemiro Semedo, de Luso, propõe «uma alteração à fórmula para seja estabelecido um valor por metro quadrado (dos locais para limpeza)». António Jorge Franco, presidente da Autarquia da Mealhada, recordou «o aumento de 18% em 2023, o de 4% em 2024, mantendo-se para 2025 o reforço de mais 4».

Para além do reforço de 4% para 2025, a Junta de Freguesia de Luso terá uma verba adicional de 5.469 euros «por causa do alargamento de espaços para limpeza» e a da Pampilhosa, em 1.600 euros, «pelo corte de relva junto ao campo no Jardim». «Há um esforço de todos em haver acertos ao nível de valores. Começámos com 18%, depois 4 e agora novamente 4%, com as freguesias de Luso e da Pampilhosa a sofrerem reajustes», começou por dizer o presidente da Câmara da Mealhada, na sessão de assembleia municipal, que se realizou na noite da passada segunda-feira. «As Juntas precisam de mais, mas acreditem que é mesmo o possível», enfatizou o autarca, afirmando que «estiveram 12, 13 anos sem acertos financeiros» e que, por isso, considera «estarmos a fazer o nosso possível».

Claudemiro Semedo, presidente da Junta de Luso, congratulou o reforço para a sua freguesia, recordando «que há muito tempo que propomos que seja estabelecido um valor por metro quadrado». «Com o nosso orçamento, não conseguimos contratar, nem adquirir os meios que são mesmo necessários», disse.

«4% é pouco e foi um valor que o senhor presidente nos impôs, sem oportunidade de negociar. Disponibilizar materiais é bom, mas depois não temos como pagar a quem os manuseie», referiu João Cidra Duarte, presidente da Junta de Barcouço, acrescentando que «a administração central também devia reconhecer que são as Juntas que conhecem os problemas dos fregueses». «É com bom agrado que vemos o apoio à obra no Cemitério, mas a verdade é que podíamos realizar muito mais», sublinhou o autarca.

Para o presidente da Autarquia da Vacariça, Ricardo Ferreira, «não foi uma negociação com as Juntas, mas uma informação às Juntas». «Sou contra os 4% à percentagem. No decorrer destes três anos, as Juntas mais pobres estão cada vez mais pobres e as mais ricas ficam mais ricas. Sou contra a maneira como o processo está a ser gerido porque não pode haver ricos e pobres no concelho da Mealhada», defendeu.

António Jorge Franco garantiu que «tudo foi discutido na negociação até porque houve contrapartidas em alguns sentidos», relembrando que «as freguesias com mais área para limpeza, também terão mais custos». «A base tem de ser sempre em percentagem, até porque tudo aumenta também em percentagem, o gasóleo, os materiais, etc.», continuou o edil, que, dirigindo-se ao presidente da Junta de Barcouço, afirmou: «Ninguém impõe nada. Se acha que houve imposição e não concorda com os valores, está no momento certo e vota contra».

A proposta acabou por ser aprovada, por maioria, com as abstenções dos presidentes das Juntas de Barcouço e da Vacariça.

 

«Quem recebe pouco, vai continuar a receber pouco», defendeu José Calhoa

A proposta discutida, em reunião camarária dias antes, foi aprovada por maioria, com o vereador socialista José Calhoa a considerar «a verba insuficiente, com o senão de quem recebe pouco, continuar a receber pouco» e o presidente da Câmara a informar que «há também o compromisso da Câmara para, em colaboração com as Juntas, podermos fazer uma maior aposta nos caminhos florestais».

«O trabalho das Juntas é fundamental para o desenvolvimento do concelho. Claro que as Freguesias querem mais e nós achamos que efetivamente precisam de mais, mas temos de ir reajustando, até porque o que temos feito é sempre acima da inflação», disse António Jorge Franco.

José Calhoa que se absteve nesta votação, referiu estar-se «a aumentar as diferenças».

 

Mónica Sofia Lopes