Jaime Freire, da Figueira da Foz, venceu a primeira edição do Prémio Literário Maria da Nóbrega com o conto «Bussaco Ilustre». «Enganos do Bosque», de José Rodrigues, oriundo de Vila Velha de Ródão, e a «Carta Portuguesa», de Nuno Azevedo, de Braga, arrecadaram o segundo e terceiro lugares, respetivamente. As menções honrosas foram para os contos «Quando deixei de te esperar», de Eva Ferreira, também de Braga; «Herculana, rainha do deserto», de Nuno Rodrigues, de Faro; e «Eleutério», de Mário da Silva Carvalho, da Pampilhosa.

Foram a concurso 65 contos provenientes de autores de norte a sul do país, que atestaram, segundo palavras de António Breda Carvalho, presidente do júri, que «vale a pena apostar na cultura literária, na medida em que leva o concelho da Mealhada longe». «Numa primeira fase eliminamos trabalhos que não cumpriam o regulamento, nomeadamente, discrepâncias históricas ou fugida ao tema proposto», explicou, acrescentando que «a literatura não é uma ciência exata. Um dia quando o júri colocar uma máquina de inteligência artificial, mesmo assim haverá sempre uma grande subjetividade».

Sobre a obra vencedora, Miguel Midões, outro dos elementos do júri – onde também esteve Clara Cabral -, e também ele autor de dois livros, destacou «a modernidade, resguardando-se, contudo, da banalidade. A única glória presente é o Bussaco». «O segundo conto destaca o tempo em que o Bussaco era ocupado pela ordem dos Carmelitas e a terceira primou pela originalidade, pois baseia-se no encontrar de uma carta, sobre “uma paixão na sombra”, que apesar de tudo contém dados pertinentes».

O vencedor do Prémio Maria da Nóbrega referiu que «a arte e a cultura conduzem à paz. Aqui tentei juntar dois universos – o da literatura e a do cinema -, num lugar fascinante como é o da Mata do Bussaco». Palavras corroboradas por José Rodrigues que destacou «o imaginário de recolhimento dos monges que plantaram a Mata». «Este prémio valoriza o concelho, a escritora e a nós também», congratulou.

O Prémio Literário Maria da Nóbrega, instituído bianualmente pela Autarquia da Mealhada, tem como finalidade genérica promover a produção de originais em língua portuguesa e divulgar o nome de Maria da Nóbrega como distinta escritora, especialmente na dimensão do Conto e da Dramaturgia.

Nascida a 8 de dezembro de 1875, na Mealhada, numa família distinta e abastada, Maria da Conceição de Melo Ferreira da Nóbrega, uma das mulheres mais progressistas do início do século XX, dominava com segurança a arte de bem escrever português, possuindo uma formação cultural alicerçada nos clássicos, tendo iniciado a sua carreira no Jornal O Bussaco em 1902. Em 1925, com as escritoras Ana de Castro Osório e Sara Beirão, passou a escrever nas revistas Eva, Modas & Bordados, Voga e Magazine Bertrand. Em 1930 publica o seu primeiro livro de contos «Fumo nos Casais»

António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, lembrou que um dos principais propósitos desta iniciativa foi «o de divulgar a maravilhosa Mata do Bussaco e torná-la cada vez mais conhecida».

Os valores dos prémios foram de 500 euros para o primeiro, 300 para o segundo e 200 para o terceiro.

 

Mónica Sofia Lopes