O executivo da Mealhada aprovou «a atribuição de compensação por obrigações de serviço público» às duas operadoras de transporte, que pertencem ao mesmo grupo, e que trabalham no concelho da Mealhada. O valor ultrapassa os 300 mil euros e o presidente da Autarquia voltou a criticar os valores prestados pela empresa e a contestar esta compensação.

«Estamos a falar de uma compensação aos operadores que dão resposta à mobilidade no nosso concelho e que continuo a contestar», começou a dizer António Jorge Franco, presidente da Câmara, dando como exemplo que «um autocarro que faz Barcouço – Coimbra passa logo atrás de um outro dos SMUTC (serviço urbano de Coimbra). São milhares de euros mensais para o autocarro andar vago e a passar um atrás do outro. Isso é o que custa mais de ver».

O autarca disse ainda que com o próximo operador – alvo de um concurso público internacional promovido pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra – «vamos controlar o número de passageiros, de onde vêm, onde entram e onde saem». «Aí saberemos para onde vai o dinheiro, porque hoje pagamos ao quilómetro, mas alguém consegue controlar isso?», questiona ainda, comparando com outros setores: «É o que acontece na saúde em que pedimos faturas de energia elétrica e não conseguimos porque não há nenhum levantamento».

A compensação – uma estimativa pelo número de quilómetros na passagem pelo município mealhadense justificado pelo «défice» – paga às duas empresas, pertencentes ao mesmo grupo, no valor de mais de 300 mil euros, foi aprovada, por unanimidade, com António Jorge Franco a afirmar, contudo, «pago contrariado, porque não pagando, poderíamos correr o risco de não ter transporte para os nossos alunos».

Também Hugo Silva, vereador na Autarquia, enfatizou o facto de isto representar «despesas correntes do Município», recordando que «isto acontece na Mealhada e nos outros concelhos todos» onde as empresas operam.

Recordamos que já, em maio passado, a autarquia mealhadense aprovou a mesma compensação, num valor perto dos 300 mil euros, tendo, nessa altura, Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara, afirmado ser «um problema nacional» e que deveria ser «o papel do Estado garantir os transportes. A administração central não fez nada e agora são os Municípios a sustentarem as carreiras».

 

Mónica Sofia Lopes