«Inventário arqueológico de Pampilhosa – A ocupação do território entre a pré-história e o período moderno», do pampilhosense Fernando Jorge Baptista, Mestre em Arqueologia e História, foi apresentado, recentemente, no recém-inaugurado Pólo de Leitura da Pampilhosa, e será alvo de nova sessão, na Biblioteca Municipal da Mealhada, a 21 de março.

«O livro resultou de um trabalho académico, em que depois de alguma pesquisa sobre a região, estava para fazer uma tese de mestrado», começou por dizer, ao nosso jornal, o autor, de 59 anos, admitindo que surgiu «a oportunidade de concorrer a uma iniciativa da Câmara e então transformei a obra, onde apesar de haver contornos de trabalho académico, ficou bem mais ligeiro». Sem a concretização da ideia inicial, «a Junta de Freguesia achou interessante o trabalho e acabou por comparticipar com uma fração o custo da obra».

O trabalho em si, tem, por exemplo, «uma pesquisa bibliográfica dos casais que ocupavam o território, com resenha dos nomes e alcunhas, alguns que ainda hoje são familiares e estamos a falar de situações com 400 e 500 anos; bem como a alusão de como o território se dividia em termos familiares». «Os pampilhosenses, que são mesmo naturais da Pampilhosa, identificam-se bastante com esta obra porque há efetivamente muitas coisas que reconhecem», acrescenta Fernando Jorge Baptista, adiantando que há também uma abordagem «à localidade do Canedo e um pequeno resumo do concelho».

O Museu do Grupo Etnográfico de Defesa do Património e Ambiente da Região de Pampilhosa e alguns dos seus artefactos foram inspiração para o autor. «Interessei-me por alguns objetos e consegui saber de onde vinham; também tive informações de algumas peças antigas da Gruta da Fujaca, cerca de 13, 14 machados com cinco, seis, sete mil anos; peças arqueológicas romanas provenientes de um local chamado Cardeira; alusão à parte medieval; e a procura de marcos, sendo que a primeira demarcação de que tive conhecimento data de 1536», enumera, garantindo que esta é uma obra «sem reis e rainhas, mas com pessoas da região. Se temos um bom vinho na Bairrada, pão e leitão foram estas pessoas que foram estudando estas coisas. Por trás de tudo isto, está uma história local».

O livro com mais de duas centenas de páginas, onde se incluem muitas imagens e anexos com peças arqueológicas, foi sendo feito «aos bocadinhos». «Trabalho numa empresa e, portanto, às vezes até dias de férias tive de tirar para ir ao Arquivo de Aveiro ou a Coimbra fazer as pesquisas. Produzir um livro é algo muito trabalhoso», refere o autor que, apesar de ter cerca de uma dúzia de artigos publicados na revista anual do GEDEPA, só agora levou a cabo a sua primeira obra. «Agora, depois do lançamento ter corrido tão bem, acho que realmente há muitas pessoas a valorizar este tipo de obras», confessa.

A produção de mais um livro poderá vir a ser uma realidade. «Estou a fazer um trabalho de pesquisa genealógico da minha família, com um primo meu, e talvez possa sair também dali uma coisa engraçada pois já temos muitas páginas. Estamos a falar de pessoas que se fixaram na Pampilhosa e há coisas muito engraçadas…», enaltece.

A apresentação do livro aconteceu, no passado dia 18 de fevereiro, altura em que a Junta da Pampilhosa procedeu ao descerramento da placa toponímica Francisco dos Santos Marques e se deu a inauguração da exposição de brinquedos antigos na Galeria do GEDEPA.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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