O património religioso no concelho de Anadia foi tema espoletado pelo Partido Social Democrata, na última reunião pública do executivo, tendo, posteriormente, sido também focado na assembleia municipal. PSD defende um programa de apoio para este património a fim de resolver o problema da sua manutenção. A Câmara de Anadia, na voz da presidente, diz que o Município sempre quis apoiar e que até há candidaturas a fundos nesta área «que ajudaríamos a elaborar».

«Numa reunião com alguns párocos lancei esta ideia que se prende com o problema da manutenção do património religioso e edificado. Tudo isto faz parte do património do concelho e talvez fosse de se pensar num programa de apoio», referiu João Nogueira de Almeida, vereador eleito pelo PSD, acrescentando que «é uma dor na alma ver certas intervenções em algumas capelas, mesmo que saibamos que as pessoas têm as melhores das intenções».

Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, concordou que o referido património «precisava de um outro cuidado, sendo uma matéria que necessitava ser pensada». «As fábricas da Igreja querem tratar das coisas, sem nos dizer nada e o próprio senhor Bispo de Aveiro recomenda que nada façam sem dar conhecimento a Diocese e à Autarquia, mas as paróquias fecham-se um bocadinho», disse a autarca, exemplificando que «em Vale da Mó há uma Capela com história, mas que se “fecha” como se a Câmara se quisesse intrometer e não é nada disso, nós só queremos apoiar».

A edil referiu ainda haver «candidaturas disponíveis» e que só um pároco no concelho «tem essa sensibilidade e já viu duas candidaturas aprovadas. A Câmara não se pode candidatar a estes fundos, tem mesmo que ser o associativismo religioso. Nós o que fazemos é ajudar nisso, se assim pretenderem. A disponibilidade da Câmara e da Diocese existe, mas é preciso que as restantes partes também o queiram». A autarca enfatizou ainda: «O diálogo às vezes existe, mas não é subsequente e não somos nós que controlamos as paróquias e as comissões fabriqueiras».

A presidente do Município de Anadia recordou também que são muitos os pedidos de apoio financeiro para intervenções neste património, que chegam à Autarquia, e que são concedidos, dando como exemplo, nas localidades de Aguim, Sangalhos, Vilarinho e Samel.

João Nogueira de Almeida disse ainda, na reunião de 22 de fevereiro, haver «Igrejas com património artístico com jóias que valem centenas de milhares de euros que qualquer dia desaparecem», recordando, contudo, que «tudo aquilo que está inventariado dificilmente se pode “mexer” no mercado».

Na tarde do mesmo dia, o tema «passou» para a assembleia municipal, com Maria Teresa Cardoso, depois de novamente questionada pelo PSD, a afirmar que «algum edificado ainda se vai mantendo, às vezes desvirtuando um bocadinho as fachadas, etc., tendo já a própria Diocese alertado para isso, até porque também gostaria de ser informada das ditas intervenções». «As paróquias podem fazer candidaturas, ao nível do património cultural, e há casos em que até cem mil euros podem ser comparticipados em 60% e nós, Município, estamos disponíveis para ajudar com estas burocracias», refutou, confessando que «gostava que o concelho de Anadia fosse mais ativo nestas matérias e houvesse mais abertura para investimento no património religioso». «São oportunidades que não se devem desperdiçar e só as comissões fabriqueiras o podem fazer», rematou a autarca.

 

Mónica Sofia Lopes