O IX Festival de Patinagem Artística do Hóquei Clube da Mealhada, que se realizou na noite do passado sábado, não precisava de muitos mais ingredientes – a lotação ficou esgotada dias antes e as atletas estavam com o entusiasmo duplicado para mostrarem ao público o que prepararam durante meses de trabalho -, mas à festa juntou-se também a madeirense Madalena Costa, campeã do mundo de patinagem livre, que, aos 15 anos, completou o espirito festivo dos mais pequenos aos mais graúdos.

Praticou ballet, natação e ginástica, mas aos cinco anos calçou os patins e não mais os largou. «A minha mão era e é treinadora de patinagem e sempre tentou que eu seguisse outra modalidade, mas como a acompanhava aos treinos e campeonatos, só queria imitar as danças e calçar os patins», referiu, ao nosso jornal, a jovem, numa pequena conversa, que aconteceu num empreendimento turístico em Luso, local que conhece bem, dado os estágios que por ali já fez.

Diversão e curiosidade foi o que levou Madalena Costa a querer praticar patinagem artística e que começou a levar mais a sério aos cinco anos, pelo Sporting Clube Santacruzense. «Aos sete, oito anos venci o Torneio Nacional de Benjamins, para onde fui sem grande expectativa, e, desde então, percebi que isto ia exigir outa dedicação da minha parte», confessa-nos, descrevendo o dia-a-dia: «Acordo às 7h00 e às 8h00 tenho aulas no Funchal, onde frequento o 10.º ano na área das Ciências e Tecnologia. Quando a escola termina às 13h30, almoço, vou ao ginásio, faço fisioterapia, treino e tenho explicações. Todos os dias da semana, das 20h00 às 22h00, tenho treino».

Uma rotina exigente, da qual não se queixa, e que lhe permitiu participar no último campeonato do mundo, que se realizou na Colômbia, e onde esta atleta só poderia participar em 2025, dada a sua idade. «Na altura da pandemia e sucessivos confinamentos, criamos rotinas em casa de treino, uma vez que os meus três filhos são patinadores. Nessa altura, a Madalena começou a treinar episódios superiores ao seu escalão e, portanto, quando a vida voltou ao normal, obrigatoriamente estava com uma preparação mais avançada», referiu-nos Sheila Costa, mãe e treinadora da atleta.

Não foi por isso de estranhar que, em setembro de 2023, a atleta da seleção nacional, Madalena Costa, se tenha sagrado Campeã do Mundo de Patinagem Artística, em Patinagem Livre, no escalão de Juniores. Na altura, com 14 anos (idade que corresponde ao escalão de Cadetes), conseguiu o feito concorrendo com atletas de 18 e 19 anos. «Sabia que tinha capacidades para fazer isto, mas estava a competir num escalão bem acima e num país com horários, rotinas, alimentação e campos diferentes. No final, consegui gerir isto tudo e obtive uma boa classificação com mais de 50 pontos de diferença do segundo lugar. Atingi o meu objetivo!», recorda a jovem.

Quando chegou ao aeroporto da Madeira, relembra a receção «muito boa» que teve por parte da família e dos amigos, mas quando lhe perguntamos o que fez no dia a seguir, é perentória: «Voltei ao trabalho». «Sou muito organizada e não posso perder tempo sem fazer nada. Trinta minutos livres no pavilhão, tiro os patins e estudo; uma hora livre na escola, ligo à minha mãe e vou treinar. Este é um esforço que eu escolhi fazer», diz.

No passado sábado voltou à vila de Luso. «O Grande Hotel é quase uma casa, uma vez que desde nova, com sete, oito anos, que o frequento, numa altura em que a seleção fazia aqui um estágio, designado de Garantia e Ambição, todos os meses. As pessoas já me conhecem e eu conheço bem os Pavilhões de Luso, Mealhada e Ventosa do Bairro», disse-nos a jovem que tem como sonho que a patinagem artística se torne «uma modalidade olímpica» e a ambição de ter uma escola de patinagem e um consultório de fisioterapia.

 

Mónica Sofia Lopes