«Levar-nos à problemática da perda da biodiversidade e à noção de que não há plano B. Se os animais e plantas forem desaparecendo, a nossa probabilidade de desaparecer é também muito grande». As palavras são do pampilhosense Fernando Correia, autor da mostra «55 anos de alertas contra a extinção e a perda de biodiversidade», que, ao início da noite da passada sexta-feira, inaugurou a exposição de selos postais, da sua autoria, no Cineteatro Messias, na Mealhada.
«Esta é uma exposição itinerante que começou na Universidade de Aveiro e que só terminará em 2025 no Porto», começou por dizer Fernando Correia, diretor do Laboratório de Ilustração Científica do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, explicando a mostra filatélica, que resume mais de dois anos de estudo e investigação, incluindo todos os selos publicados pelos CTT Correios de Portugal entre 1968 a 2023 (a grande maioria são feitos com recurso à ilustração) – 600 selos em doze metros de infografia – e cujas emissões e conteúdos são dedicados a apresentar a biodiversidade mais emblemática que o património natural luso encerra.
A exposição inclui ainda vários selos postais criados pelo curador desta mostra, Fernando Correia, onde ao longo da infografia se vê as espécies que, nos dias de hoje, estão vulneráveis e em perigo de extinção, ou até mesmo já extintas, como é o caso da planta vicia dennesiana H.C.Watson, da espécie oceânica calcidiscus leptoporus e da borboleta Grande-barca.
Na exposição, que estará patente no Cineteatro Municipal Messias até 29 de fevereiro, os visitantes podem ainda entender os vários passos necessários para criar um selo postal, ou etiquetas autoadesivas, desde a ideia nuclear até à arte final que mais tarde irá dar suporte imagético ao selo postal.
Fernando Gonçalves, diretor do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, congratula o trabalho feito por Fernando Correia, enaltecendo que «ao divulgar estas imagens está a chamar a atenção para problemas do nosso planeta». «Estas imagens chegam-nos a casa e nem nos apercebemos, por isso esta iniciativa torna-se excelente, num local extraordinário, por onde passo todos os dias a caminho de Aveiro», enfatizou, referindo-se ao Cineteatro Messias.
Presente nesta inauguração esteve também o executivo camarário da Mealhada, tendo António Jorge Franco, presidente da Autarquia, explicado o porquê da exposição: «Em primeiro porque o autor nos desafiou a tê-la aqui e depois pela importância que o Município dá à biodiversidade».
«Isto tem muito de educação, pelas beldades que podemos usufruir e pelo alerta para os problemas da biodiversidade, e era importante que as escolas visitassem esta exposição», deixou como desafio ao diretor do Agrupamento de Escolas da Mealhada, Fernando Trindade, também presente na sessão. «Este é um primeiro passo que estamos a dar. É o grito de alerta pelo nosso concelho. Sem estes alertas não nos estaríamos a defender», enfatizou.
Mónica Sofia Lopes