Na Mealhada, o leitão continua a ser a iguaria “rainha” mais procurada pelos clientes. O Natal faz crescer a procura e, de uma maneira geral, os agentes da restauração, com quem falamos, têm já agendas apertadas no que toca a encomendas. Se é certo que o preço da do leitão – animal vivo ou carcaça -, que os restaurantes adquirem aos produtores, aumentou, em média, cerca de 15%, só no último mês, o que leva também a um aumento no preço final ao consumidor, também é verdade que está garantida a afirmação que esta iguaria da Bairrada tem na região e por todo o país.
«Estamos em linha com o ano passado e é um facto que as pessoas verdadeiramente gostam de leitão». São as primeiras palavras de António Paulo Rodrigues, do Rei dos Leitões, que nos garante que vai ter três carros na rua a 24 e 31 de dezembro, em diversos pontos do país, nomeadamente, Porto, Lisboa e na zona do interior. «A 24 até em Coimbra teremos muitas entregas, porque foi um hábito que as pessoas adquiriram na pandemia», continua o empresário, que fala num aumento na compra do animal em si, «significativo, mas não extraordinário, que muito se explica pela conjuntura económica».
Filipe Castela, do Pedro dos Leitões, enaltece o caso concreto da restauração na Mealhada, afirmando «ser uma parte premium do setor, uma vez que as pessoas vêm de todo o lado porque gostam mesmo do leitão que apresentamos. Durante a pandemia, quando podemos abrir as primeiras esplanadas, logo no primeiro dia isso foi notável». O empresário deste restaurante, situado em Sernadelo, explica que, nesta época do ano, o fornecimento de leitão «sobe sempre um pouco, algo que normalmente é absorvido pelos empresários», contudo, garante que, neste momento, há um aumento maior e generalizado «refletido no último mês».
Sandra Alves, do Pic-Nic dos Leitões, explica que no seu negócio «o leitão é comprado vivo, a um fornecedor da zona da Gândara, sendo nós que fazemos aqui o abate com toda a logística e custos que isso implica diariamente». «Na verdade, com o aumento que sofremos em meados de novembro e que nos levou também a subir o custo final ao cliente, estava com receio de como ia correr esta época», confessa a empresária, que, no entanto, está «a muito pouco de atingir o objetivo do que conseguimos assar para o dia de Natal».
Maria Clara Pires, do Floresta dos Leitões, corrobora o balanço feito, garantindo «estar dentro da normalidade do que foi em 2022, relativamente a encomendas e serviço no restaurante». Revela que a carcaça está mais cara, tendo vindo a aumentar «todas as semanas desde novembro». Nelson Mara, produtor de compra e venda de leitões, explica o porquê, falando «em matéria prima nacional, que aumentou muito nos últimos meses», não descartando o fator «escassez» que tem quota parte nesta subida. «O custo de produção sofreu uma grande subida e muitos produtores desistiram da atividade. Tudo isto, no final, implica um grande aumento aos nossos clientes (muitos deles restaurantes) e por mais que queiramos fazer diferente, não conseguimos», refere ainda.
Carla Carvalheira, do Castiço, fala num «aumento de há três semanas para cá», mas também enaltece o facto «de os clientes quererem ter o leitão à mesa no Natal». «Temos encomendas de 23 a 25, mas também a 31 de dezembro, tanto dos nossos clientes habituais da região, como também de fora», congratula a empresária, que recorda que «o período da pandemia não trouxe só coisas más». «Se é um facto que o preço do leitão aumentou, como a grande maioria das coisas, também é verdade que as pessoas já não deixam para amanhã o comer bem e com qualidade, como é o caso do leitão que apresentamos nos restaurantes na nossa região», enaltece.
Mónica Sofia Lopes