Maria de Lurdes, residente na Mealhada, festejou, na passada quinta-feira, 23 de novembro, o seu centenário. A pequena cerimónia, animada por José Alves e à qual se juntou o núcleo familiar mais próximo, realizou-se no Centro Social da Freguesia de Casal Comba. Amanhã, domingo, a festa será num restaurante da região onde estarão mais de duas dezenas de familiares.

A 23 de novembro de 1923 nasceu Maria de Lurdes, natural da Redinha, uma localidade a doze quilómetros da cidade de Pombal. Lembra-se que ainda frequentou a terceira classe – afiança, entre risos, que sabe ler e «escrever com erros» -, mas começou a trabalhar muito nova, em primeiro na monda do arroz, em Pombal; depois, durante muitos anos, com os pais, foi moleira na Redinha. «Fazia tudo. Procurava o milho em casa das pessoas, depois moía-o e ainda entregava a farinha aos fregueses», explicou, ao nosso jornal, a centenária, garantindo que, nessa altura, «andava muito». «Era uma profissão difícil, principalmente quando chovia, mas gostava muito do que fazia», recordou.

Depois do falecimento do pai em 1974 e da mãe poucos anos depois, Maria de Lurdes ainda continuou, sozinha, o negócio, «mas não consegui durante muito tempo», diz, relembrando que foi, nessa altura, que veio viver para a Mealhada: alguns anos, com a avó, na Rua Visconde Valdoeiro; mais tarde, com a irmã nas Cavadas. «E já foi há 50 anos que cheguei a esta terra. Nunca casei e, portanto, depois da morte dos meus pais, resolvi vir para junto da família. Ainda estive uns tempos com uma irmã em Coimbra, mas eu queria um sítio com terra onde pudesse fazer as minhas plantações», explicou-nos.

Viajou pela França, Espanha, Itália, Benidorm e Luxemburgo. «Íamos em autocarro nas excursões. Uma vez andamos por lá a passear oito dias e olhe que eu já tinha sessenta e tal anos», diz, explicando que, pela Mealhada, saía pouco, mas «ainda fui algumas vezes ao cinema e teatro».

Há três anos que está no Centro de Dia da Instituição Particular de Solidariedade Social de Casal Comba. «Venho de manhã e à tarde levam-me de volta para casa da minha sobrinha, onde durmo», continua Maria de Lurdes, elogiando o Centro de Casal Comba: «Gosto muito de aqui estar. Pinto e jogo dominó, cartas e loto. No verão fomos a Mira, ao Bussaco e ao Parque da Cidade», enumera.

Afirma que sempre teve problemas de coluna, mas medicação «só para o coração». «Às vezes até sinto que ele dá uma pancadinha falhada», diz, sorrindo, adiantando não saber «o segredo para a longevidade».

Domingo a festa repete-se com um almoço «onde estará toda a família». «Seremos mais de vinte pessoas», enaltece Maria de Lurdes, que, anteontem, completou cem anos de vida.

 

Mónica Sofia Lopes