Martim Maia, de 15 anos; André Ferreira, de 7; e Alexandre Garcia, de 13; fazem parte da secção de Patinagem Artística do Hóquei Clube da Mealhada, numa modalidade constituída maioritariamente por elementos femininos, mas onde os três atletas se vão destacando a solo e em provas de Pares. Ao nosso jornal, falam da felicidade que sentem cada vez que entram no campo, em cima de uns patins e apresentam um «esquema», muitas vezes desenhado pelos próprios com a ajuda das treinadoras.

«Conhecia algumas colegas que estavam na patinagem artística e também um rapaz e comecei a interessar-me bastante. Via vídeos no Youtube, desde cedo, e ficava fascinado», começou por dizer Martim Maia, de Luso, que depois de «muito pedir aos pais», viu a sua vontade realizada ao entrar na modalidade aos oito anos. «Sempre que havia competições ou apresentações, eu pedia-lhes para ir ver e foi assim que consegui aqui estar», afirma. Para Alexandre Garcia, da Mealhada, a patinagem artística fazia parte da família, uma vez que mãe e irmã mais velha já estavam na modalidade. «Eu vinha ver os festivais e gostava muito», confessou, ao nosso jornal, admitindo que «foi fácil a integração».

Até chegarem à patinagem, todos passaram por outras modalidades, nomeadamente, basquetebol, hóquei em patins, natação e dança. O «pequeno» André Ferreira explica que a irmã andava na patinagem do HCM e que também ele queria «fazer alguma coisa de diferente». «Sinto-me feliz quando entro em campo e gosto de ver os vídeos depois dos espetáculos», admite, garantindo que gostava de «competir em mundiais». «Gosto mesmo muito disto e os meus pais andam sempre comigo de um lado para o outro», acrescentou.

Os dois atletas mais velhos treinam cinco vezes por semana, de terça-feira a sábado, numa média de cinco, seis horas, o mais novo três vezes. Para além disso, ensaiam em casa os saltos e também «a mente para ajudar no combate aos nervos».

Nas provas tudo é cronometrado praticamente ao segundo. «Quando venho para os treinos, gosto de vir a ouvir a música do esquema e ver os tempos para ter noção de quando temos de começar e acabar o exercício», continua Martim Maia, que quer ser engenheiro informático, afirmando ainda que «o objetivo é que o par – do sexo feminino – se mantenha. Vamos criando hábitos e às vezes basta só um toque na mão para a outra pessoa saber o que queremos dizer».

Mas não é só sobre dança e em saber patinar que estes jovens se preocupam. «Temos também as indumentárias para pensar com a ajuda da nossa família e o apoio das costureiras que cada um escolhe», refere Alexandre Garcia, explicando que «muitas vezes, somos também nós quem estabelece as músicas e até sugerimos algumas coisas de que gostamos muito para as coreografias».

São cerca de seis dezenas de atletas que frequentam esta modalidade no HCM. Bruna Jorge e Rafaela Frade, treinadoras, e Adriana Carvalho, responsável pela dança, preparação física e expressão artística, fazem o corpo técnico desta secção. «Esta modalidade é mais feminina do que masculina, porque realmente tem poucos meninos», avança Bruna Jorge, no HCM desde 2020, mas ligada à modalidade desde os quatro anos, confessando que «tudo fica mais bonito com os rapazes».

«Estamos numa família onde somos todos iguais, trabalhamos cada atleta da mesma forma aproveitando as mais valias de cada um e ajudando a colmatar as dificuldades que sentem, em que, relativamente aos rapazes, se prende com a expressividade, onde por norma são mais “acanhados”», concluiu a treinadora, confessando que um desejo que tem «era treinar mais meninos».

 

«Largas centenas de pessoas» no IV Torneio de Patinagem Artística do HCM

No passado fim-de-semana, dias 14 e 15 de outubro, «largas centenas de pessoas» passaram pelo Pavilhão Municipal Dr.º José Vigário, na Mealhada, para o IV Torneio de Patinagem Artística do Hóquei Clube da Mealhada, onde houve um total de 132 provas em exibição, smiles, formação, white, pré-competição, mini-rollart, competição e rollart em diversos escalões. Por ali passaram atletas de uma dezena de clubes, provenientes de vários pontos do país, como Mirandela, Seia, Mira, Coimbra e Porto.

«O clube gosta muito de receber e organizar este tipo de eventos, que carecem sempre de um esforço financeiro, uma vez que dependem muito do número de inscrições», começou por explicar, ao nosso jornal, Palmira Taborda, vice-presidente da direção do HCM, garantindo também que este tipo de iniciativas vão ao encontro «das expectativas dos nossos atletas que as encaram como uma forma de evolução».

Atualmente numa fase de crescimento da modalidade, Palmira Taborda recorda que «50% dos atletas não regressaram no pós-pandemia». «Lentamente vamos conseguindo voltar à normalidade», afiança, explicando, contudo, que «a modalidade tem custos e vai requerendo algum investimento por parte dos atletas e suas famílias, o que nem todos conseguem».

«Contamos com o apoio da Câmara que nos permite, para além dos treinos neste pavilhão, utilizar o de Ventosa do Bairro», enaltece a vice-presidente da direção do HCM, congratulando «o envolvimento dos pais que estão sempre em estreita colaboração com a direção do clube, o que para nós é um grande motivo de orgulho».

 

Mónica Sofia Lopes