No âmbito das comemorações dos 213 anos da Batalha do Bussaco, que se assinalam esta quarta-feira, 27 de setembro, foi, ontem, apresentado, publicamente, o livro «Vêm aí os franceses», da autoria do pampilhosense Mário Silva Carvalho, vencedor da primeira edição do Prémio Literário António Augusto Costa Simões.

Depois de «Diário de um Carbonário», «A Tomada de Madrid», «A Amazona Portuguesa», «Robim de Campanha: um patife sedutor», entre outros, muitos deles vencedores de prémios ou de menções honrosas, Mário Silva Carvalho publicou agora «Vêm aí os franceses», que escreveu com o propósito de concorrer a um prémio literário estipulado pelo Município da Mealhada. O autor garantiu, na tarde de ontem, no Casino de Luso, perante uma plateia repleta, de que «já tem mais dois livros prontos» e que, por isso, é certo que vai «continuar a escrever».

«Sou natural da Pampilhosa, filho de ferroviário e licenciado em História, mas fiz percurso profissional na banca», disse Mário Silva Carvalho, garantindo que começou a escrever «por desporto», algo, contudo, que levou muito a sério. «Devo ser a única pessoa neste mundo que leu, de uma ponta a outra, os jornais todos de 1907 a 1910 de “O Século”, “O Mundo” e “Diário de Notícias” para o “Diário de um Carbonário”, que demorei dois anos a escrever», referiu.

A obra «Vêm aí os franceses», Mário Silva Carvalho explica que «já a tinha na cabeça» e que a escreveu «em quarenta dias». «Conta a história de um grupo de almocreves que chegaram à Figueira da Foz em busca de peixe, numa altura em que constatam que “vêm aí os franceses”», desvendou o autor, explicando que «este tempo das invasões francesas foi o período mais complexo e difícil da nossa história, onde houve fome e epidemias». «Estamos a falar de uma altura em que havia milho, mas não havia batatas», enfatizou, acrescentando ser uma história «que vai prendendo quem a lê, até porque tem em atenção o leitor, nunca deturpando os factos históricos».

José Seabra Pereira, Professor na Universidade de Coimbra, congratulou o facto de o autor «ter arrebatado o prémio nesta primeira edição, num arranque que pode vir a ser muito importante na política cultural do concelho». Sobre o livro, recordou que «a ação se situa próxima do Bussaco, mas estende-se a todo o território do concelho da Mealhada e também ao Baixo Mondego», advertindo os leitores de que «quando começarem a ler este livro, passam também a fazer parte deste romance porque dá espaço, de vez em quando, para sermos nós a tentar completá-lo».

Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara da Mealhada, afirmou que este primeiro prémio «homenageia a vida e obra daquele que foi se calhar o homem mais importante do concelho da Mealhada». Sobre a obra de Mário Silva Carvalho, a autarca explicou que esta descreve «uma parte mais escura destes territórios, num período negro da história da Europa e de Portugal». «Esta é uma obra que ajuda a perpetuar a memória coletiva destas comunidades e os momentos que fizeram de nós “gentes” diferentes. Espelha o facto da nossa resiliência advir destes antepassados», enfatizou.

O dia de ontem contou ainda, na Alameda do Casino de Luso, com um concerto comemorativo da Batalha do Bussaco pela Orquestra Ligeira do Exército. Hoje, a partir das 9h00, realizaram-se as cerimónias protocolares do Exército Português, no Obelisco, na Mata Nacional do Bussaco.

 

Mónica Sofia Lopes