A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, visitou, na passada quinta-feira, o edifício da antiga Escola Secundária de Anadia que está a ser adaptado para alojamento estudantil e cujas obras estão a ser realizadas no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, sendo Anadia o único município – da panóplia de outros investimentos no setor da educação – que não tem ensino superior. A futura residência terá capacidade para 56 camas, num investimento superior a um milhão e 600 mil euros e cujo financiamento é feito através do Plano de Recuperação e Resiliência.

Depois da visita à obra, que começou há menos de dois meses e para já se centra no exterior da infraestrutura – até porque um dos pisos ainda está ocupado com os serviços do Centro de Saúde de Anadia -, o executivo camarário apresentou a Elvira Fortunato o projeto da obra, mas também os motivos que ligam Anadia ao ensino superior. Num planeamento que a Autarquia designa de «Ensino Superior Anadia 20230» são quatro os pilares que o sustentam: «Oferta formativa, alojamento, trabalho em rede e mobilidade».

«Relativamente à mobilidade estamos a 30 quilómetros de Aveiro e à mesma distância de Coimbra. Para além disso, estamos com a Região de Coimbra no Metro Mondego e com a possibilidade deste se estender à Anadia, bem como estamos com a Região de Aveiro, tendo já implementado o Busway», começou por explicar Jorge Sampaio, vice-presidente da Autarquia de Anadia, acrescentando que «esta também a ser trabalhada o que poderá designar-se “Escola da Bairrada”, um projeto entre os Municípios de Anadia e Mealhada e o Politécnico de Coimbra. Estamos, para já, a trabalhar em quatro áreas – enologia, enoturismo, termalismo e desporto -, aquelas onde somos fortes e diferenciadores».

Outra das premissas é a do trabalho em rede, onde o Município defende diversas parcerias, nomeadamente, com a comissão vitivinícola, o setor da restauração, o Estado, Termas, outros municípios à volta de Anadia, Comunidades Intermunicipais e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, por exemplo.

Por fim, e no epicentro do que levou, na tarde de ontem, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a Anadia está o alojamento. «Toda a estratégia de que falei até agora, levou-nos à decisão de nos candidatarmos a este projeto», continuou Jorge Sampaio, referindo-se à reabilitação do antigo Colégio Nacional / Escola Secundária que, neste momento, já se encontra em fase de obra. Assim, cada piso (serão dois) terá 20 camas em quartos duplos e oito em quartos individuais, quatro deles com condições para receber pessoas com mobilidade reduzida.

Cada piso terá, para além dos dormitórios, instalações sanitárias, biblioteca, sala de estudo, cozinha, espaço de refeições, sala de reuniões, sala de convívio, primeiros socorros, gabinete de segurança e sala de segurança. «Esta é uma ambição que temos há muito tempo e queremos ter a infraestrutura a funcionar no início do ano letivo 2024 / 2025», referiu ainda o vice-presidente da Autarquia.

Elvira Fortunato destacou o facto de Anadia se encontrar entre dois polos universitários, «em que o custo de vida acaba até por ser mais atrativo». «Agradecemos este empenho do Município em ajudar o país no seu desenvolvimento e isso só se faz com Educação. Tenho a certeza que no próximo ano, através de protocolos com as universidades mais próximas, teremos em Anadia mais 56 jovens a residir», disse, destacando que o edifício terá «energias alternativas e painéis fotovoltaicos» e que a distância aos polos universitários não será um problema: «Se formos para Lisboa e Porto existem alunos a viverem a distâncias bem maiores».

 

Visita de Elvira Fortunato é «voto de confiança e motivação»

Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, referiu que a presença de Elvira Fortunato em Anadia «é um voto de confiança e de motivação, neste caminho que o Município tanto anseia».

«Vamo-nos apercebendo da dificuldade dos jovens em encontrar alojamento a preços acessíveis e achamos que este passo será muito importante. Trinta quilómetros parece longe, mas nos centros urbanos os jovens ficam também a grandes distâncias», refutou a autarca, explicando que será a Autarquia de Anadia «a encetar todo o processo de gestão que servirá os estudantes universitários» que ali venham a residir.

A edil recordou ainda que, nos dias de hoje, se trabalha muito «o regime de ensino misto – presencial e à distância -, estando na residência a serem criadas todas as condições para os alunos terem menos deslocações».

 

Mónica Sofia Lopes