O filme «A Ratoeira Portuguesa» vai ser estreado no próximo dia 21 de setembro, no Cineteatro Municipal Messias, na Mealhada. E qual será a diferença deste para qualquer outra obra cinematográfica? É que esta foi totalmente pensada, planeada, executada e produzida por três jovens residentes no município mealhadense. Começa aqui a história do Manuel Lopes, residente no São Romão, do Lourenço Ligeiro, do Cardal, e do Tomás Estarreja, de Ventosa do Bairro.
Têm em comum serem naturais do concelho da Mealhada, 19 anos e terem estudado, juntos, Multimédia na Escola Profissional Vasconcellos Lebre, formação que terminaram em 2022 e onde as «curtas» produzidas eram sempre muito elogiadas pelos colegas de curso. «Em determinada altura fizemos uma “curta”, de cinco, seis minutos, centrada num rapaz que vivia num bairro perigoso e nós achamos que poderíamos melhorar qualquer coisa. De certa forma, podemos dizer que foi a inspiração para este filme…», começou por revelar, ao nosso jornal, Lourenço Ligeiro, o «mexicano» do filme, idealizado no verão do ano passado, mas só levado mais a sério em janeiro de 2023.
«Começámos por escrever um guião, mas na verdade chegámos a escrever textos para gravar no dia seguinte», continuou Lourenço Ligeiro, corroborado por Manuel Lopes, «Luís Merenda» o personagem principal do filme, que assume existir «muito improviso». «O Luís tem 18 anos e como não faz nada na vida, os pais querem-no expulsar de casa. O seu amigo Afonso aconselha-o a falar com o tio – “Paulo Merenda” -, supostamente empresário de solários no Gana, mas que não passa do responsável por uma máfia de roubos de catalisadores. Num trabalho que lhe faço, é-me roubada uma mala repleta de dinheiro e a partir daí tenho que arranjar soluções para o devolver», desvenda Manuel Lopes, sobre o filme com duração de uma hora.
Mealhada, Bussaco, Grada e Mira são muitos dos locais das filmagens, onde participam cerca de 15 personagens convidadas – nomeadamente, o empresário e artista Paulo Júlio, o músico Andy Scotch e a professora da EPVL Ana Mannarino – e «em que uma simples Sony e um microfone de 20 euros, usado» captaram tudo aquilo que será transmitido na grande tela do Cineteatro Messias, na noite do próximo dia 21 de setembro. «O mais difícil foi juntar as personagens das cenas nos dias estipulados. A escolha dos locais foi o mais acessível por conhecermos proprietários de sítios fantásticos, como o Escorpião ou o Café Sereno e até a Autarquia da Mealhada nos disponibilizou a Quinta do Murtal para algumas cenas», afirmou-nos Tomás Estarreja, garantindo que o investimento em adereços, deslocações e cartazes foi feito pelos três jovens, que começam agora a iniciar carreira profissional nas áreas do digital, marketing e multimédia.
Bastaram três semanas de gravações para que o trabalho final fosse visto e revisto e apresentado a quatro pessoas externas ao filme, cujo o aval foi «muito positivo». A estreia acontecerá em setembro e os bilhetes ficarão disponíveis brevemente, por três euros cada, em alguns estabelecimentos, nomeadamente no quiosque das tripas Tentações, na Praça Choupal. «Prometemos um bom momento, onde temos algo pensado para apresentar antes da exibição do filme», garantem, entusiasmados, os três jovens, que não se coíbem de fazer um agradecimento público «à antiga diretora de turma Paula Martins (da EPVL) que sempre acreditou que isto ia ser possível», deixando ainda «no ar» que este possa ser o primeiro filme de uma trilogia, «mesmo com uma pausa de alguns anos».
«Paulo Merenda», «tio» do ator principal, interpretado por Paulo Júlio da Costa, elogia o trabalho dos jovens: «Foi com muito orgulho que aceitei o desafio e aprendi muito com eles. Acredito de tal maneira neste projeto que só quero ver o filme no dia da sua estreia». Já Ana Mannarino, professora e elemento da direção da EPVL, que encarna um pequeno papel de repórter no filme, congratula a iniciativa dos jovens, garantindo «ser muito gratificante – tanto a nível pessoal como em representação da escola -, ver este empreendedorismo e vontade que fez gerar uma produção tão boa e cheia de talento».
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografias com Direitos Reservados
Legenda fotografia de capa: António Maia, Tomás Estarreja, Manuel Lopes e Lourenço Ligeiro