Do lado do público, Pedro Soares, da Comissão Vitivinícola da Bairrada e da Rota da Bairrada, abriu as hostilidades da intervenção do público, na sessão com técnicos da Infraestruturas de Portugal, que se realizou em Anadia, na semana passada. «A vinha é uma atividade económica que vai ser alterada, a começar com as linhas de água. Não se pode se quer dizer que com taludes de 20 metros não vai haver alterações», começou por afirmar, alertando que «em muitos casos pode ser pior perder uma vinha, atravessada por uma linha, do que uma Adega, que pode ser construída em qualquer outro local». «Porque é que o traçado não vem de Aveiro pela A17 e faz desvio em Coimbra? A linha não tinha que passar na região da Bairrada, até porque passando e afetando vinhas, está também afetar pessoas e nós só queremos defender a Região Demarcada da Bairrada», enfatizou.

Carlos Campolargo, de Mogofores, afirmou que «nos sítios onde não são casas, estão os locais onde as pessoas trabalham e, por isso, não vale a pena dividirmos isto em habitações e em vinhas. A reflexão deve ser em que medida esta linha afeta a nossa economia e as nossas habitações».

Da Quinta das Bágeiras, Mario Sérgio, lamentou que «o problema da Alta Velocidade seja o de o político querer deixar obra feita e obra nova. Com esta linha só se pensa em Lisboa e no Porto e esperemos que não seja para estarem sempre em greve». Por outro lado, afirmou, «comparar vinhas do Alentejo, que têm hectares para cada lado, com as da Bairrada, com meio hectare, é ridículo».

José Manuel Carvalho, presidente da Junta de Freguesia de Avelãs de Cima, condoeu-se por «ver um estudo de impacte ambiental sem um estudo socioeconómico». Palavras corroboradas por José Nogueira de Almeida, vereador na Autarquia de Anadia eleito pelo PSD, que questionou «quais as compensações que Anadia vai ter por esta servidão que não vai servir Anadia. A única coisa que aqui vai acontecer é vermos os comboios a passar a 250 Km/hora».

Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, reiterou «a discordância por qualquer um dos três traçados e qualquer uma das cinco alternativas». «Não há mais valia nenhuma para o território, para a economia, paisagem e nem para nada», rematou.

 

Mónica Sofia Lopes