A Fundação Mata do Bussaco está a apostar em elementos diferenciadores que possam levar mais visitantes àquele património situado na freguesia de Luso, no concelho da Mealhada. Depois de reformular a candidatura à UNESCO, com enfoque agora no «Sacro Deserto dos Carmelitas Descalços», está também a ser preparado um simpósio que pretende a envolvência dos Padres Carmelitas. E nisto das novidades, o Bussaco tem já dois veículos prontos a circular numa clara aposta em melhorar a visitação nos 105 hectares da Mata, sendo um deles adaptado a pessoas com mobilidade reduzida.
O início da candidatura da Mata do Bussaco na lista indicativa a Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) tem quase uma década, mas sofreu uma reavaliação, este ano, já sob a égide da arquiteta Teresa Portela Marques, que defendeu que a classificação tivesse enfoque no «Sacro Deserto dos Carmelitas Descalços do Bussaco», deixando em segundo plano o conjunto edificado do Palace do Bussaco. «Utilizando tudo o que vinha a ser feito, outra novidade agora é que a candidatura passa a ter a Câmara da Mealhada como parceiro primordial», destacou, na manhã da passada segunda-feira, em conferência de imprensa, Guilherme Duarte, presidente da Fundação Bussaco, que augura que «o próximo passo, seja o de se começar a entregar documentação», num processo que sabe à partida que «demorará anos, de igual forma a todas as outras classificações».
Esta aposta na passagem dos carmelitas enquanto elemento diferenciador está também a ser trabalhada pela Fundação, nos seus planos de atividades, e, por isso, em data ainda a definir, a entidade quer organizar um simpósio intitulado «O deserto carmelita do Bussaco», onde se pretende a envolvência dos Padres Carmelitas. «No fundo é centrarmo-nos precisamente no que deu essência a este espaço, olhando para a história e para o passado, mas também para o presente», explicou José Luís, responsável pela Divisão do Património e do Turismo, acrescentando que a intenção é a de «envolver os párocos carmelitas com a sua sabedoria e conhecimento».
Na mesma linha da passagem dos Carmelitas pelo Bussaco, que começou por ser um deserto, o seu conjunto patrimonial foi um dos escolhidos como candidato português à Marca do Património Europeu, a par da Ponte Romana de Trajano e Termas Medicinais Romanas de Chaves. «Também era algo que vínhamos a tentar candidatar, mas sem sucesso. Este ano, colocamos mais enfoque nos carmelitas e cá estamos nesta corrida», acrescentou Guilherme Duarte, garantindo que «a aprovação de uma das candidaturas deverá acontecer depois do verão», recordando também que, atualmente, em Portugal, apenas quatro locais têm esta distinção: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Carta de Lei da Abolição da Pena de Morte conservada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Promontório de Sagres e Património Cultural Subaquático dos Açores.
Através do Fundo Ambiental, o Bussaco tem também já disponíveis duas viaturas de apoio à visitação, financiadas a 100% – cerca de 90 mil euros -, uma delas adaptada a pessoas com mobilidade reduzida. «Os veículos estão prontos a circular, contudo, ainda vamos aprovar o regulamento de utilização e respetivas taxas», referiu Guilherme Duarte, explicando que «as viaturas só andam no perímetro da Mata» e que os guias «vão conduzir e dar explicações, simultaneamente».
Mónica Sofia Lopes