A Autarquia de Anadia vai promover, na próxima quinta-feira, 6 de julho, no Cineteatro da cidade, a partir das 18h00, uma sessão de esclarecimento, aberta a toda a comunidade, sobre a consulta pública da Avaliação de Impacte Ambiental do projeto «Alta Velocidade – Lote B – Troço Soure / Aveiro (Oiã)», que decorre desde a semana passada. Segue-se uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal, agendada para as 21h15, para «apreciação e discussão das propostas para a Linha Ferroviária de Alta Velocidade», que terá também um período destinado à intervenção do público.

«Iniciou-se o período de consulta pública onde todos os munícipes podem participar. Estão em causa três traçados com cinco alternativas e Anadia está neles todos», começou por dizer Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, na reunião do executivo desta quinta-feira, garantindo que nesta consulta pública alocada em https://participa.pt/ «são inúmeros os ficheiros associados».

«Há casos já sinalizados a vermelho, quer se escolha um traçado ou outro, para serem eliminados. Não esquecendo também que a determinadas distâncias há habitações que ficam ao lado deste corredor», lamentou a edil, explicando que, com esta obra, «haverá grandes quantidades de aterro e passagem em terrenos, linhas de águas e localidades partidas». A presidente da Autarquia alertou ainda que «há casas já identificadas, mas debaixo daqueles traçados temos outros licenciamentos. Se não é nos corredores, é ao lado, até temos dois traçados a passar a poucos metros da Lagoa de Ancas».

«Pretendemos com a sessão de esclarecimento que todos os interessados no assunto possam ficar a saber mais sobre os traçados, mas também dos impactos e prejuízos que possam advir de qualquer um deles», referiu a autarca, adiantando que «ontem (quarta-feira) tivemos reunião com as Juntas de Freguesias que serão mais penalizadas, mas ainda hoje informaremos as restantes que também estão solidárias com toda a situação».

Questionada por João Nogueira de Almeida, vereador da oposição eleito pelo Partido Social Democrata, sobre «se a Câmara tem algum documento elaborado com a sua posição», Maria Teresa Cardoso avançou que está a ser preparado um documento «uma vez que nós temos que pronunciar até dia 18 de julho e o executivo ainda terá que reunir antes disso». «Gostávamos também de ter os vossos contributos e os da população, que já tem questionado muito as Juntas», acrescentou.

João Nogueira de Almeida insistiu que «é difícil consultar os documentos» em participa.pt. «Sou jurista e aquilo é-me difícil de analisar, por isso acho que poucos terão capacidade de ler aqueles documentos, com a linguagem que contém», admitiu o vereador do PSD, sugerindo a preparação de um documento explicando os impactos dos vários traçados e colocando-o disponível no sítio da internet da Autarquia.

A presidente da Câmara de Anadia garantiu que «na sessão pública, estará um técnico da Autarquia a fazer a apresentação através de fotomapas». «Que todos estejam presentes e possam dar os seus contributos, fazendo-o depois no portal, que ontem (quarta-feira), por exemplo, não estava acessível», referiu.

Também o vice-presidente da Autarquia, Jorge Sampaio, recordou que o que se pretende é «fazer uma abordagem junto da população geral para facilitar a compreensão das pessoas. É importante que entendam como o Município será afetado e todos tenhamos consciência do que está em cima da mesa». «Agora é o momento de cada um de nós dizer o que pensa. A Câmara tem que se pronunciar até dia 18 e os munícipes até dia 28 de julho», rematou.

Recorde-se que «o Estudo Prévio da nova Linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa apresenta três alternativas de traçado para atravessamento do concelho de Anadia, abrangendo as freguesias de Sangalhos, S. Lourenço do Bairro, Vilarinho do Bairro, União das Freguesias de Amoreira da Gândara, Paredes do Bairro e Ancas, União das Freguesias de Arcos e Mogofores e União das Freguesias de Tamengos, Aguim e Óis do Bairro».

Segundo a Autarquia de Anadia, a sessão «visa elucidar a população sobre as caraterísticas da nova infraestrutura ferroviária e os respetivos impactos ambientais, sociais e económicos associados à sua construção. Pretende ainda alertar a população, em particular as pessoas que serão mais afetadas direta e indiretamente, sobre as implicações de tais traçados».

 

Na Mealhada, PCP também sugeriu «dinamização na participação pública»

O tema da Alta Velocidade foi também questionado por João Louceiro, do PCP, na última Assembleia Municipal da Mealhada, que se realizou na noite do passado dia 28 de junho.

«Está em curso uma consulta pública, o projeto aponta duas alternativas diferentes no concelho. O que pensa o executivo? Pretendem incentivar uma dinamização de participação pública?», questionou o deputado municipal.

António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, referiu que «o executivo defendeu um caminho que afeta pouco o concelho. Não afeta construções e nem linhas de água, no fundo é o menos mal». «A outra alternativa abria um túnel em Barcouço e apanhava duas, três casas», acrescentou o autarca.

 

Mónica Sofia Lopes