«As Regiões Demarcadas de Origem Bairrada e Távora-Varosa são as que têm maior número de certificação de espumantes de qualidade, abrangendo perto de 80% da produção nacional de espumantes», disse, na Curia, Bernardo Gouvêa, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, aquando do 1.º Encontro Nacional de Espumantes – Millèsime -, uma iniciativa do Município de Anadia, em parceria com a Comissão Vitivinícola da Bairrada. O evento decorreu no Curia Palace Hotel, no concelho de Anadia, nos dias 25 e 26 de março, e recebeu cerca de 1.500 visitantes, oriundos de vários pontos do país.

A Curia retornou aos anos 20 e, em consonância com o cenário idílico do Palace e uma charrete que transportava os visitantes do Posto de Turismo até ao local, estavam fermentados todos os ingredientes para que «as expectativas estivessem altas» relativamente ao balanço do evento. Durante dois dias, os visitantes degustaram os mais variados espumantes, provenientes de 39 produtores de espumantes com denominação de origem oriundos de todo o país. Para além disso, o local contou ainda com uma mostra e venda de iguarias, típicas e doçaria da Região da Bairrada que harmonizam com o espumante.

«Esgotámos rapidamente os balcões que tínhamos. Temos cá 39 produtores porque alguns se juntaram para conseguirem estar presentes neste evento. Temos inclusivamente dois espumantes Cava que vieram de Espanha», declarou, aos jornalistas, Jorge Sampaio, vice-presidente da Câmara de Anadia, que não poupa elogios ao local escolhido para a realização deste primeiro encontro, cuja segunda edição já tem data marcada para 2025. «O espumante é elegância, charme e sedução. Que local melhor do que o Palace para uma concentração de espumantes repletos de glamour?», questionou, retoricamente, o autarca, garantindo ainda ser Anadia «o concelho do país com mais agentes económicos ao nível do espumante». «Querendo Anadia ter a centralidade dos espumantes nacionais, só fazia sentido que este evento fosse aqui», enfatizou, congratulando o facto «de alguns dos produtores terem escolhido o Millèsime para apresentarem novos produtos».

«Esta é uma região fundamental para projetar a nossa riqueza a nível do espumante», enfatizou o presidente do IVV, acrescentando que «é fundamental aumentarmos as exportações e o consumo doméstico». «O principal, a nível nacional, já temos, que são espumantes com uma capacidade extraordinária. Agora temos que os comunicar e dar a conhecer», referiu ainda.

Inês Marques, da Quinta do Rol, na Lourinhã, enaltece a realização deste primeiro encontro. «Há cada vez mais interesse neste produto, que está em crescimento. As pessoas começam a descobrir que o espumante não é só para festas e para acompanhar o bolo de aniversário», afirmou, acrescentando que o evento «faz todo o sentido ser na Bairrada», que considera ser «o berço dos espumantes».

E o público agradece a realização do Millèsime. «Uma boa iniciativa para conhecer novos produtos da região e de fora dela», disse, ao nosso jornal, Sandra Vieira, de Anadia. Vinda de Coimbra, conhecemos também Luísa Simões. «Fui convidada por uma amiga com ligações à Bairrada. Estou a gostar muito deste encontro», afirmou, admitindo ser «apreciadora de vinho espumante, particularmente da Bairrada».

Luís Lopes, da Grandes Escolhas, fala num evento em que «é possível encontrar debaixo do mesmo teto, todas as empresas rivais do mercado do espumante, tornando-se uma oportunidade única de degustar o vinho mais versátil, capaz de acompanhar as mais diversas iguarias».

 

«Setor do espumante tem que se vender como uma marca coletiva»

Pedro Soares, da Comissão Vitivinícola da Bairrada, defendeu, aos jornalistas, que, cada vez mais, o setor do espumante «tem que se vender como uma marca coletiva, a nível nacional», acrescentando que «o polo de inovação de espumantes foi alvo de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência, no valor de um milhão e 300 mil euros, que está a ser implementado».

Este polo será instalado na Estação Vitivinícola, estando-se a proceder, numa primeira fase, a uma adega e vinha experimentais.

 

Mónica Sofia Lopes