João Moreira, co-criador das personagens míticas do humor nacional – Bruno Aleixo, Homem do Bussaco, Busto, entre outros – esteve, recentemente, na Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada, para um momento de conversa com os alunos das turmas do 10.º ao 12.º anos do curso de Multimédia, onde os jovens colocaram diversas questões.
«A personalidade do Bruno Aleixo não é a minha, mesmo que o sotaque seja muito parecido. Ele é mais rezingão, eu serei mais amigo do que ele», começou por responder, entre risos, João Moreira, explicando que «a parte boa de termos “bonecos” é dizermos o que nos apetece sem nos comprometermos. É dizer verdades, em tom de parvoíce».
«Quando é o aniversário do Bruno Aleixo?», quiseram saber os alunos. «Não sei. Há realmente datas porque tivemos que inventar biografias para os bonecos na criação de perfis no Facebook», disse João Moreira, referindo que «o Homem do Bussaco tem a data da Batalha do Bussaco e a do Renato a de São Jorge».
«Bruno Aleixo na Rádio» é um programa transmitido, três vezes por semana, na Antena 3, rádio onde também à sexta-feira passa a rubrica «Aleixo Amigo», que responde a perguntas enviadas pelos ouvintes. «Tentamos escolher as perguntas com maior potencial para resposta das personagens, nomeadamente, escolhendo um assunto da atualidade, que está sempre em constante atualização», respondeu a «voz» de Bruno Aleixo.
Sobre o seu trabalho, João Moreira confessa que «criativamente falando não é fácil». «Eu organizo, escrevo e falo e, por isso, quando estou mentalmente cansado não é fácil», afirmou, recordando que tudo é feito em coautoria com Pedro Santo, que na personagem é o «Renato».
Em dezembro de 2022 foi lançado o filme «O Natal do Bruno Aleixo». «Um filme feito na pandemia e que, sendo os bonecos estáticos, tivemos que arranjar animação para hora e meia», disse João Moreira, referindo que se trata «do primeiro Natal passado na Bairrada, em que aparece o primo do Bruno Aleixo e há ainda pessoas de Murtede e de Arcos (Anadia)».
«E o que faz Bruno Aleixo ter sucesso nestes 15 anos?», perguntou um dos alunos. «Penso que a qualidade. Nós tratamos sempre as personagens com pinças, tudo é escrito por nós, mantendo sempre algum cuidado», explicou João Moreira, confessando que «nunca estivemos muito lá em cima, mas fomos continuando o nosso caminho e acabámos por nos manter».
Sobre a sua permanência na região, o humorista diz que gosta «de estar descansado em Coimbra». «No início tive mesmo que ir para Lisboa, até para ganhar contactos, mas depois quis vir e ficar confortável em Coimbra. Até porque agora, desde a pandemia, é tudo gravado em casa», explicou.
Sobre as dificuldades futuras, João Moreira explica que «às vezes tem que se forçar a criatividade. Os bonecos têm 15 anos e é fácil saber a reação de cada uma das personagens, o que, por outro lado, pode significar previsibilidade para o público e quando essa for demais, então é altura de parar».
Mónica Sofia Lopes