«Sempre que recebemos um turista brasileiro num restaurante, estamos a exportar», declarou, na passada quarta-feira, por videoconferência, Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, aquando da conferência «Crescimento e sustentabilidade da Mealhada», que se realizou em Luso. Na sessão, promovida pela Câmara da Mealhada e pelo Grupo Vida Económica, muitos foram os empresários concelhios que apontaram como grande constrangimento o transporte dos seus bens.
Para Pedro Machado, que se encontra numa feira de turismo em São Paulo, no Brasil, falar da Mealhada é indissociável de se falar em turismo. «A Mealhada preenche todos os requisitos do turismo em Portugal, tem Natureza e biodiversidade (Mata do Bussaco), água, história, cultura, clima e luz. Como ativos diferenciadores tem a gastronomia, os vinhos e a marca “4 Maravilhas da Mesa da Mealhada”; e tem ainda dois ativos emergentes, as Termas de Luso e todo o parque hoteleiro, assim como as suas pessoas e hospitalidade», referiu o presidente do Turismo Centro de Portugal, declarando que a região e o país «têm que compreender os novos consumidores, que são mais exigentes, mais reivindicativos e mais informados».
«Portugal atingiu 21 mil milhões de euros em receitas no setor do turismo em 2021. Isto significa um Plano de Recuperação e Resiliência por ano», disse Pedro Machado, garantindo que «a marca Portugal hoje é reconhecida e respeitada» e que, para isso, muito se deve «à boa perceção que se tem do nosso sistema de saúde, assim como pelo facto de sermos um país seguro».
E só na região Centro, em fevereiro passado, «crescemos em dormidas 27,34% face a 2022». «Os meses de janeiro e fevereiro estão já acima dos dados de 2019, que foi um ano excecional para o turismo na região», acrescentou, adiantando, contudo, que há alguns eixos a melhorar, nomeadamente, «o crescimento na internacionalização; ter presente que a conetividade, mobilidade e acessibilidade não se faz só por via aérea; assim como crescer em valor». «Grosso modo, Portugal é visto como um destino barato e precisamos de alterar isto», enfatizou ainda.
Bernardo Campos, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, referiu que, da análise que fez, «das empresas criadas na Mealhada, mais de 60%, passados dois anos, ainda sobrevivem», situação que Cláudio Matos, vice-presidente da Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira, justifica «pela ligação próxima à Autoestrada 1 e pelo custo de vida ser baixo quando comparado com outros locais».
José Vigário, administrador da Sociedade dos vinhos Messias, garantiu que «os vinhos são realmente um setor em grande estado de desenvolvimento». «70% do nosso volume de negócios é em exportações», disse, referindo que o principal é a União Europeia, nomeadamente, «Alemanha, França e Escandinávia, começando a ter mercados muito interessantes como Polónia e República Checa. Brasil é fundamental para nós, assim como os Estados Unidos e o Canadá. O mercado chinês mostrou-se muito auspicioso no início, mas agora está a diminuir, até porque não há lá muita tradição no consumo de vinho», explicou, garantindo que «os condicionalismos (existentes) são mesmo os transportes, restando-nos o transporte em camiões».
Júlio Cabral, em representação da Fundação Luso, referiu que a marca Luso, pertencente ao grupo Heineken, «vai investir de 10 a 15 milhões de euros em 2024, no processo de embalagens de vidro, em que cada uma pode fazer 50 “viagens”». «Claro que vamos manter o plástico, associado a um sistema de recolha e de benefício para o consumidor, até porque o PET pode ser reciclado a 100%».
Texto de Mónica Sofia Lopes
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