O concelho da Mealhada terá no terreno, no segundo semestre deste ano, o projeto «Valorização dos Bio Resíduos», proveniente de uma candidatura, já aprovada, ao Fundo Ambiental feita pelos municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, e que, na sua génese, pretende «a redução dos resíduos que vão para aterro». A campanha, que contempla cerca de 67 mil euros, prevê a instalação de doze ilhas de compostagem comunitária, 200 compostores domésticos (para escolas, IPSS e população em geral), mil baldes (de sete litros cada) para atribuir aos utilizadores dos compostores e a realização de ações de sensibilização, comunicação e monitorização. Para além disso, o projeto na Mealhada conta já com quinze jovens embaixadores para a sustentabilidade ambiental.

O projeto, em parceria com as Juntas do concelho da Mealhada, ficará localizado nas zonas mais habitacionais de todas as freguesias e também na Antes e em Ventosa do Bairro. «Pensamos em zonas residenciais urbanas, sem espaço verde próprio, uma vez que para as pessoas que vivem nas aldeias é mais fácil ter um compostor», explicou, ao «Bairrada Informação», António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, referindo que se pretende «diminuir o resíduo que vai para aterro», que, neste momento, custa ao Município 44 euros por tonelada, mas que vai subir para os 57 euros. «Mais de 50% de tudo aquilo que vai para o dito “lixo normal” é para aterro e tem um custo brutal para todos nós, contribuintes. São toneladas de lixo que vão para debaixo da terra. E desengane-se quem acha que só fazer reciclagem já é suficiente, porque não nos podemos esquecer que a ERSUC nos apresenta fatura de tudo e, neste momento, já não nos basta só reciclar, temos mesmo que reduzir o lixo que produzimos».

Cada compostor terá um metro cúbico e serão espalhados pelo concelho seis com três depósitos e seis de dois, com capacidade para mil litros de resíduos cada um. «Em casa, as pessoas terão o seu baldinho para colocarem o composto, que depois irão deitar nestas ilhas, local de onde poderão também tirar terra para os seus vasos», explicou o autarca, garantindo que haverá «um mestre compostor que fará a monitorização e acompanhamento dos compostores destas ilhas» e que cada uma «terá uma placa informativa com o que se deve, e não deve, colocar no local».

Dos dezanove municípios da CIM Região de Coimbra, a Mealhada ficou em segundo lugar como a mais bem posicionada nesta candidatura. «Integrar os jovens, neste contexto de embaixadores da sustentabilidade, foi altamente valorizado», declarou Hugo Silva, vereador na Autarquia da Mealhada com o pelouro da Juventude. E os jovens agradecem fazer parte deste projeto. «Interesso-me muito por este tema da sustentabilidade, mas também pela questão do voluntariado», explicou, ao nosso jornal, Maria Martins, de 15 anos, de Luso, que, nestas questões da sustentabilidade tem como preocupação «não comer carnes vermelhas» e fazer a reciclagem «básica», como designa. «Não sinto que haja esta preocupação por parte dos jovens da minha idade. Têm noção do que devem fazer, mas não o colocam em prática», disse.

Também Mariana Ferreira, de 23 anos, do Travasso considera «este projeto de voluntariado, que junta os jovens do município à sustentabilidade, muito interessante». Participante num projeto semelhante, que se realiza todos os meses no Mercado da Pampilhosa – o Mercado das Trocas de vestuário, de livros, etc. -, a jovem afirma que «as preocupações da sustentabilidade estão mais patentes na faixa etária dos vinte e dos trinta anos, do que nos mais velhos, em que temos que ser nós a puxar por eles». «Acho que são os jovens, as pessoas certas a levar esta mensagem da sustentabilidade», enfatizou.

 

Recolha seletiva de bio resíduos também será novidade em 2023

Ainda este ano, o Município da Mealhada terá também no terreno um projeto de recolha de bio resíduos seletivo – restos de comida -, em zonas urbanas, de prédios, locais onde serão colocados contentores grandes, que terão uma recolha de dois em dois dias.

«Será colocado um contentor por prédio, na Mealhada, Pampilhosa e Luso, locais que têm prédios em altitude», adiantou o presidente da Câmara da Mealhada, referindo que o projeto terá um veículo próprio para recolha e que esta será feita, de dois em dois dias, «essencialmente porque contém restos de comida, que causam cheiros».

 

Mónica Sofia Lopes